- Com denominadores iguais, compare os numeradores; para negativos, o maior absoluto é o menor número.
- Padronize o sinal: mantenha denominadores positivos e use frações equivalentes para evitar erros.
- Com denominadores diferentes, use denominador comum ou cruzamento, cuidando do efeito do sinal.
Comparar frações negativas parece, à primeira vista, um bicho de sete cabeças, mas a verdade é que as regras fundamentais vêm das frações não negativas e só precisam de alguns ajustes de sinal. Se você dominar o que já vale para denominadores iguais, numeradores iguais e denominadores diferentes, então fica bem mais simples lidar com o “menos” na frente. A grande sacada é manter o denominador positivo e cuidar do sentido da ordem quando um valor for negativo.
Segundo materiais didáticos clássicos sobre frações, a comparação de frações não negativas segue três pilares básicos: com denominadores iguais compara-se o numerador; com numeradores iguais, vale o menor denominador; e, com denominadores diferentes, usa-se denominador comum (ou multiplicação cruzada) para decidir. A mesma lógica se aplica às negativas, desde que seja respeitado o comportamento do sinal: números negativos estão à esquerda na reta numérica e, entre dois negativos, o de maior valor absoluto é, na verdade, o menor número.
O que significa comparar frações negativas?

Quando comparamos frações, procuramos decidir qual é maior, qual é menor ou se são iguais. No caso de frações negativas, estamos falando de números abaixo de zero, portanto qualquer fração negativa é menor que qualquer fração positiva. Isso resolve de cara comparações do tipo −1/5 vs 2/7: a positiva vence, sem cálculos sofisticados.
O desafio aparece quando ambas são negativas. Entre dois negativos, o que “parece” maior pelo tamanho do número, na verdade é menor. Por exemplo, −3/4 e −1/4: como 3/4 é maior que 1/4 em valor absoluto, então −3/4 é mais à esquerda na reta numérica, logo −3/4 < −1/4. Portanto, ao comparar frações negativas, é útil olhar primeiro para os valores absolutos e só depois recolocar o sinal no raciocínio.
Regras herdadas das frações não negativas (e como ajustá-las ao sinal)
Os princípios ensinados para frações não negativas continuam válidos, com a ressalva de que o sinal precisa estar bem posicionado. Uma prática segura é garantir que o denominador seja positivo: se tiver −a/−b, transforme em a/b; se tiver a/−b, escreva como −a/b. Essa “versão canônica” com denominador positivo simplifica a comparação e evita virar a desigualdade por engano.
Denominadores iguais: se temos −a/b e −c/b, com b > 0, basta comparar a e c em termos de valor absoluto e lembrar que o maior absoluto gera a menor fração. Assim, se a > c, então −a/b < −c/b. Para frações não negativas, o material didático reforça que, com mesmo denominador, compara-se o numerador; nas negativas, esse mesmo critério vale, mas levando em conta o “sinal invertido” do ordenamento.
Numeradores iguais: se −a/b e −a/d, com a > 0 e b, d > 0, então a fração com maior denominador (em valor positivo) é a maior em valor absoluto entre as negativas; portanto, com numerador negativo fixo, o menor denominador gera um número mais “próximo de zero” em magnitude e, logo, a fração é “menos negativa”. Por exemplo, −2/3 e −2/5: como 2/3 > 2/5 (em valor absoluto), então −2/3 < −2/5.
Denominadores diferentes: como acontece nas frações não negativas, podemos usar denominador comum ou comparações cruzadas. A diferença é que, com sinais negativos, é melhor colocar o sinal no numerador e manter denominadores positivos antes de cruzar. Isso evita a necessidade de “virar” a desigualdade por multiplicação por número negativo, o que costuma confundir.
- Padronize o sinal: escreva sempre como −a/b com b > 0.
- Se ambos são negativos, compare os valores absolutos e inverta a conclusão na ordem final.
- Se um é negativo e o outro não, o negativo é menor, ponto final.
Estratégias práticas com exemplos passo a passo
Exemplo 1: comparar −3/7 e −2/7. Denominadores iguais. Compare 3 e 2: como 3 > 2, o valor absoluto de −3/7 é maior, então −3/7 é menor. Conclusão: −3/7 < −2/7.
Exemplo 2: comparar −5/9 e −5/12. Numeradores iguais. Para números positivos, valeriam 5/9 > 5/12; traduzindo para negativos, o maior absoluto (5/9) é o menor número. Assim, −5/9 < −5/12. Note que a intuição “quanto maior o denominador, menor a fração positiva” ajuda a guiar o raciocínio com o sinal na frente.
Exemplo 3: comparar −2/3 e −3/5. Denominadores diferentes e numeradores diferentes. Padronize o sinal no numerador: já está. Podemos usar produto cruzado sem risco se b, d > 0. Compare 2 × 5 com 3 × 3, mas lembrando que no final a interpretação é para números negativos. Calculando valores absolutos: 2/3 ≈ 0,666… e 3/5 = 0,6; como 2/3 > 3/5, o correspondente negativo é menor: −2/3 < −3/5.
Exemplo 4: comparar −7/8 e −13/16. Use denominador comum: 16. Reescreva −7/8 como −14/16. Em valor absoluto, 14/16 = 0,875 e 13/16 = 0,8125; 14/16 é maior, então −14/16 (isto é, −7/8) é menor do que −13/16. Logo, −7/8 < −13/16.
Exemplo 5: comparar −4/11 e 1/11. Um negativo e outro não: não há mistério, todo número negativo é menor que todo número positivo. Conclusão: −4/11 < 1/11.
Exemplo 6: comparar −1/2 e −2/4. Atenção às frações equivalentes: 2/4 simplifica para 1/2, então ambas representam o mesmo valor absoluto; com o sinal, ambas são −1/2. Logo, −1/2 = −2/4. Sempre que possível, simplifique antes de comparar — reduz a chance de erro.
Exemplo 7: comparar −3/10 e −1/4. Produto cruzado com denominador positivo: compare 3 × 4 = 12 e 1 × 10 = 10. Em positivo, 3/10 vs 1/4: como 12 > 10, então 3/10 > 1/4; voltando ao negativo, −3/10 < −1/4? Cuidado: 3/10 = 0,3 e 1/4 = 0,25, então −0,3 e −0,25: de fato, −0,3 < −0,25. Portanto, a regra “maior absoluto, menor valor” confirma a decisão.
Exemplo 8: ordenar −1/3, −3/5, −2/7 e −1/8 do menor para o maior. Compare por valor absoluto: 1/3 ≈ 0,333; 3/5 = 0,6; 2/7 ≈ 0,2857; 1/8 = 0,125. O maior absoluto é 3/5, depois 1/3, depois 2/7 e por fim 1/8. Em ordem de números negativos, o menor é −3/5, depois −1/3, depois −2/7, e o maior é −1/8. Conclusão: −3/5 < −1/3 < −2/7 < −1/8.
Exemplo 9: comparar −4/−9 e −5/9. Normalize o denominador: −4/−9 = 4/9 (positivo). Assim, 4/9 vs −5/9: o positivo é maior. Resultado: 4/9 > −5/9. Evite manter denominadores negativos — transforme-os antes de comparar.
Exemplo 10: comparar −7/6 e −5/4 (frações impróprias). Converta para números mistos ou compare diretamente: 7/6 ≈ 1,166… e 5/4 = 1,25. O maior absoluto é 5/4; logo, −7/6 > −5/4? Cuidado: quanto maior o absoluto, menor o número negativo. 1,25 > 1,166…, então −5/4 < −7/6. Portanto, −5/4 < −7/6.
Truques visuais e numéricos para acertar sempre
Reta numérica: imagine a linha dos números, com zero ao centro, positivos à direita e negativos à esquerda. Esta imagem mental ajuda a enxergar que “mais longe de zero” à esquerda significa “menor”. Se você tem dúvidas entre −2/3 e −1/3, pense: qual ponto fica mais à esquerda? O que tem maior distância ao zero, logo −2/3.
Conversão para decimal: transformar frações em decimais costuma ser rápido em casos simples (como dividir 1 por 4, 2 por 5, etc.). Com os decimais, comparar negativos vira comparar números reais: −0,4 vs −0,375; como 0,4 > 0,375, o negativo com decimal maior em absoluto é o menor número. Use essa estratégia quando a fração for “amigável” para divisão.
Simplificar antes de comparar: reduzir frações ao menor denominador equivalente corta etapas e diminui erros. −6/9 e −4/6 simplificam para −2/3 e −2/3; imediatamente você percebe a igualdade. Além disso, simplificar destaca padrões como denominadores iguais, que permitem aplicar as regras diretamente.
Não multiplique desigualdades por números negativos sem controle: ao comparar frações por produto cruzado, garanta que ambos os denominadores estão positivos. Assim, você não precisa “virar” o sinal da desigualdade, o que é uma fonte comum de confusões. Se algum denominador for negativo, mude o sinal do numerador e torne o denominador positivo antes de cruzar.
Erros comuns e como evitá-los
Esquecer que entre negativos a ordem inverte: muitos alunos comparam −3/7 e −2/7 e concluem que −3/7 é maior porque 3 > 2. O passo que falta é lembrar que, para negativos, o maior absoluto é o menor número. Treine olhar para a distância ao zero.
Manter denominador negativo: trabalhar com a/b e c/−d e partir para o cruzamento direto leva a trocas indevidas de sinal. Padronize: passe o sinal para o numerador e deixe o denominador positivo. Esse hábito simples evita boa parte dos tropeços.
Não simplificar frações equivalentes: gastar tempo comparando −8/12 e −2/3 sem simplificar torna tudo mais lento e propenso a erro. Reduza primeiro: −8/12 = −2/3. A partir daí, qualquer decisão sobre ordem fica óbvia.
Confundir “maior” com “mais próximo de zero”: entre negativos, o “maior” é o que está mais perto de zero. −1/8 é maior que −1/3, embora 1/8 seja menor que 1/3 em valor positivo. Tenha sempre em mente a reta numérica para consolidar essa intuição.
Dicas avançadas para ordenar listas de frações com sinais
Separe por sinal primeiro: em uma lista mista, ponha todas as positivas de um lado e as negativas do outro. As positivas serão sempre maiores do que todas as negativas. Dentro do grupo das negativas, ordene pelo valor absoluto em ordem decrescente para obter a ordem crescente dos números negativos.
Use um denominador comum estratégico: quando houver muitas frações, às vezes não compensa usar o mínimo múltiplo comum exato; escolha um denominador comum prático que facilite o cálculo mental. O objetivo é comparar com segurança, não necessariamente fazer a “melhor” aritmética possível.
Combine técnicas: simplifique, normalize o sinal, converta para decimal quando conveniente e, se necessário, use produto cruzado com denominadores positivos. Essa combinação garante precisão e agilidade, mesmo em conjuntos grandes de números racionais.
Exercícios rápidos (com explicações)
1) Coloque em ordem crescente: −1/2, −3/4, −1/8. Raciocínio: valores absolutos 1/2 = 0,5; 3/4 = 0,75; 1/8 = 0,125. O maior absoluto é 0,75 (−3/4), depois 0,5 (−1/2), depois 0,125 (−1/8). Ordem crescente: −3/4 < −1/2 < −1/8.
2) Compare −7/12 e −5/6. Normalize e cruze: 5/6 = 10/12. Em valor absoluto, 10/12 > 7/12, então o correspondente negativo −5/6 é menor. Conclusão: −5/6 < −7/12.
3) Qual é maior: −2/9 ou −1/3? Denominador comum: 9. Escreva −1/3 como −3/9. Comparando −2/9 e −3/9, note que 3/9 > 2/9 em valor absoluto, então −3/9 é mais à esquerda. Logo, −2/9 > −1/3.
4) São iguais? −6/−8 e −3/4. Padronize o denominador: −6/−8 = 6/8 = 3/4. Então 3/4 vs −3/4: o positivo é maior. Mas a pergunta é de igualdade com −3/4; resposta: não são iguais, um é positivo e o outro é negativo.
5) Ordene: −5/3, −4/3, −7/3. Todos com mesmo denominador: compare os numeradores em valor absoluto: 7, 5, 4. O maior absoluto (7) é o menor número: −7/3, depois −5/3, depois −4/3. Resultado: −7/3 < −5/3 < −4/3.
6) Compare −11/20 e −1/2. Denominador comum: 20. Escreva −1/2 como −10/20. Em valor absoluto, 11/20 > 10/20, então −11/20 é menor. Conclusão: −11/20 < −1/2.
7) Qual é maior: −9/10 ou −5/8? Converta para decimal: −0,9 e −0,625. Como 0,9 > 0,625, o negativo com maior absoluto é o menor: −9/10 < −5/8. Logo, −5/8 é o maior.
8) Verdadeiro ou falso: −2/5 = −4/10 e −2/5 > −3/7. Equivalência: −2/5 = −4/10 é verdadeiro. Para a comparação, 2/5 = 0,4 e 3/7 ≈ 0,4286; como 0,4286 > 0,4, o correspondente negativo −3/7 é menor. Então −2/5 > −3/7 é verdadeiro também.
Se você chegou até aqui, já viu que as regras das frações não negativas — comparar numeradores quando os denominadores coincidem, comparar denominadores quando os numeradores são iguais e usar denominador comum ou cruzamento quando ambos diferem — seguem valendo com frações negativas, desde que mantenhamos o denominador positivo e interpretemos o efeito do sinal: no universo dos negativos, maior valor absoluto implica número menor. Com prática, normalizar o sinal, simplificar, usar a reta numérica e recorrer ao decimal quando conveniente se tornam hábitos que eliminam dúvidas e aceleram a comparação no dia a dia.