Como ensinar frações para o quarto ano do ensino fundamental

Última actualización: dezembro 6, 2025
  • Frações representam partes de um todo ou resultados de divisões não inteiras, envolvendo numerador e denominador com interpretações bem definidas.
  • Diferentes tipos de frações (próprias, impróprias, aparentes, equivalentes, irredutíveis e mistas) ajudam a compreender variadas situações numéricas.
  • Frações equivalentes, simplificação e comparação são bases para entender o tamanho relativo das partes e preparar o terreno para operações.
  • Adição, subtração, multiplicação e divisão com frações podem ser ensinadas de forma gradual usando recursos visuais e problemas contextualizados.

Frações no ensino fundamental

Ensinar frações para crianças do quarto ano do ensino fundamental pode parecer um desafio no início, mas, com boas explicações, exemplos do dia a dia e atividades visuais, esse conteúdo se torna leve, curioso e até divertido para a turma. Nessa fase, os alunos já têm alguma familiaridade com números naturais e operações, então é a hora perfeita para mostrar que também é possível representar partes de um todo e divisões que não dão um resultado inteiro.

Neste artigo, você vai encontrar uma explicação bem detalhada sobre o que são frações, como ler e escrever frações, quais são os tipos mais importantes, como comparar, simplificar e trabalhar com frações equivalentes, além de um guia simples das operações básicas com frações (adição, subtração, multiplicação e divisão), sempre com exemplos que podem ser adaptados para o quarto ano do ensino fundamental.

O que são frações e como apresentá-las para o 4º ano

Frações são números que representam partes de um inteiro ou o resultado de uma divisão que não é exata em números naturais. Em linguagem bem simples para as crianças: quando pegamos algo inteiro (uma pizza, uma barra de chocolate, um bolo, uma folha de papel) e dividimos em partes iguais, cada parte pode ser representada por uma fração.

Visualmente, escrevemos uma fração usando dois números separados por um traço horizontal: o número de cima indica quantas partes temos (ou usamos), e o número de baixo indica em quantas partes iguais o todo foi dividido. Esse traço pode ser explicado como uma “divisão parada”, mostrando que a fração é outra forma de escrever uma divisão.

O número que aparece na parte superior da fração é chamado de numerador e representa quantas partes estão sendo consideradas, usadas, pintadas ou consumidas. Por exemplo, em 3/4, o numerador é 3, indicando três partes de alguma coisa dividida em quatro pedaços iguais.

O número que aparece na parte inferior da fração é nomeado denominador e indica em quantas partes iguais o inteiro foi repartido. Em 3/4, o denominador é 4, o que significa que o todo foi dividido em quatro partes do mesmo tamanho.

Para trabalhar isso em sala, uma estratégia eficiente é usar desenhos simples, como círculos, retângulos, barras ou até mesmo figuras que lembrem pizza e chocolate, alinhando essas atividades a estratégias de educação integral. Pinte algumas partes e peça para as crianças dizerem quantas partes existem ao todo (denominador) e quantas estão pintadas (numerador). Assim, elas conectam o símbolo numérico à imagem concreta.

Outra ideia é usar situações do cotidiano, como dividir uma pizza entre amigos: se uma pizza é dividida em 6 fatias iguais, cada fatia é 1/6 da pizza; se a pizza é dividida em 2 partes, cada pedaço vale 1/2, ou seja, metade. Isso ajuda a criança a perceber que, quanto mais dividimos o mesmo todo, menor fica cada parte.

Como ler frações em português de forma simples para crianças

Depois que os alunos entendem o que os números da fração significam, é hora de ensinar como fazer a leitura correta das frações em português. A leitura depende principalmente do denominador, ou seja, do número que fica embaixo do traço.

O numerador é lido normalmente, como um número cardinal (um, dois, três, quatro, etc.), e o denominador ganha um nome especial, que costuma mudar de forma em relação ao número natural correspondente. Assim, a leitura fica mais natural e padronizada.

Alguns nomes de denominadores são muito usados no quarto ano e valem ser memorizados com as crianças: 2 é lido como “meio” ou “metade”, 3 é “terço”, 4 é “quarto”, 5 é “quinto”, 6 é “sexto”, 7 é “sétimo”, 8 é “oitavo”, 9 é “nono” e 10 é “décimo”. A partir daí, eles vão percebendo o padrão dos sufixos.

Relacionado:  Aprendizagem visual: características, técnicas e auxílios

Quando o denominador é maior que 10, costuma-se manter o número na forma cardinal seguido da palavra “avos”, como em “onze avos”, “doze avos”, “vinte e três avos”. Isso pode ser trabalhado em sala montando uma pequena tabela com exemplos simples, como 11/12, 13/20, entre outros.

Existem também denominações especiais para quando o denominador é 100 ou 1000. Nesses casos, para 100 usamos “centésimos” e para 1000 usamos “milésimos”. Assim, 17/100 é lido como “dezessete centésimos”, enquanto 9/1000 é lido como “nove milésimos”.

Uma boa atividade de leitura para o quarto ano é escrever frações na lousa e pedir que as crianças leiam em voz alta, alternando uma vez cada aluno, ou ainda entregar cartões com frações para que façam a leitura em duplas. Isso fortalece tanto a confiança quanto a familiaridade com os nomes fracionários.

Principais tipos de frações trabalhadas no ensino fundamental

Ao explorar frações com alunos do quarto ano, é importante mostrar que nem todas as frações representam a mesma situação. Dependendo da relação entre numerador e denominador, podemos classificar as frações em diferentes tipos: próprias, impróprias, aparentes, equivalentes, irredutíveis e mistas.

A fração própria é aquela em que o numerador é menor do que o denominador. Isso significa que estamos falando de uma parte menor que o inteiro, ou seja, uma quantidade menor que 1. Exemplos simples para usar com as crianças são 1/2, 3/4 e 12/100, todos representando partes de um todo.

Já a fração imprópria aparece quando o numerador é maior que o denominador, indicando que temos mais de um inteiro. Por exemplo, 9/8, 7/2 ou 25/12 mostram que a quantidade representada ultrapassa um inteiro. Em sala, ajuda muito representar essas frações em desenhos que mostrem mais de uma figura inteira.

Outro tipo especial é a fração aparente, que representa exatamente um número inteiro. Isso acontece quando o numerador é múltiplo do denominador, isto é, quando a divisão indicada pela fração resulta em um número natural. Exemplos são 2/2, 8/4 e 9/3, que correspondem, respectivamente, a 1, 2 e 3 inteiros.

As frações equivalentes também são muito importantes nessa etapa, pois mostram que podemos representar a mesma quantidade de jeitos diferentes. Por exemplo, 1/2, 2/4 e 3/6 são frações distintas na escrita, mas todas representam metade do inteiro, desde que as divisões sejam feitas em partes iguais.

A fração irredutível é a forma mais simples para expressar uma certa quantidade fracionária. Uma fração só é considerada irredutível quando não existe nenhum número inteiro maior que 1 que possa dividir ao mesmo tempo o numerador e o denominador. Assim, não é mais possível simplificá-la.

Para ilustrar, pense na fração 12/15. Tanto 12 quanto 15 podem ser divididos por 3, então fazemos a simplificação: 12 ÷ 3 = 4 e 15 ÷ 3 = 5, chegando à fração equivalente 4/5. Como não há nenhum número maior que 1 que divida simultaneamente 4 e 5, 4/5 é irredutível. Outros exemplos que podem ser mostrados aos alunos são 7/8, 12/5 e 11/20.

Por fim, a fração mista, também chamada de número misto, combina uma parte inteira com uma parte fracionária. Um exemplo é 3 4/9, que significa três inteiros e mais quatro nonos. Já 9 3/4 e 2 1/3 apresentam a mesma ideia: primeiro um número inteiro, seguido de uma fração própria.

Ao trabalhar esses tipos de frações, o professor pode organizar cartazes ou cartões com exemplos de cada categoria, pedindo que os alunos os agrupem, identifiquem o que cada um representa e criem desenhos que correspondam às frações apresentadas.

Frações equivalentes e compreensão de quantidade

Frações equivalentes são frações diferentes na escrita, mas que indicam exatamente a mesma quantidade em relação a um todo. Isso é essencial para que as crianças entendam que números fracionários podem assumir várias formas sem alterar o valor representado.

Relacionado:  Aproximação por padrão e excesso: o que é e exemplos

Uma forma bem didática de introduzir equivalência é usar situações com objetos idênticos, como barras de chocolate. Imagine que uma criança ganha uma barra, divide em 2 partes iguais e come 1 parte: ela comeu 1/2 da barra. Já o irmão ganha a mesma barra, divide em 4 partes iguais e come 2 dessas partes: ele comeu 2/4 da barra.

Ao desenhar as duas barras lado a lado, fica claro que as porções consumidas são do mesmo tamanho. Embora 1/2 e 2/4 sejam frações diferentes, ambas representam a mesma quantidade de chocolate. Assim, dizemos que elas são equivalentes, pois simbolizam a mesma parte do inteiro.

Do ponto de vista numérico, frações equivalentes podem ser obtidas multiplicando ou dividindo numerador e denominador pelo mesmo número diferente de zero. Por exemplo, 1/2 gera 2/4 e 3/6 se multiplicarmos por 2 ou 3, respectivamente: 1×2/2×2 = 2/4 e 1×3/2×3 = 3/6.

Esse conceito também ajuda a compreender a ideia de simplificação de frações, pois, ao fazer o caminho inverso (dividir numerador e denominador por um mesmo número), reduzimos as frações a formas mais simples, chegando às frações irredutíveis.

Trabalhar equivalências no quarto ano pode incluir atividades com dobraduras, papel quadriculado ou desenhos em grade, nos quais os alunos pintam a mesma área com subdivisões diferentes, escrevendo a fração correspondente e percebendo que algumas representações têm o mesmo valor.

Comparação entre frações e noções de maior e menor

Comparar frações é um passo importante para que os alunos entendam o tamanho relativo das partes e desenvolvam intuições sobre maior e menor. Uma boa maneira de começar é com situações visuais em que as figuras tenham o mesmo tamanho, mas sejam divididas em quantidades diferentes de partes.

Por exemplo, se um círculo é dividido em 2 partes iguais e outro em 6 partes iguais, e você pega 1 fatia em cada caso, a criança percebe que 1/2 é maior que 1/6, pois o pedaço correspondente à metade é bem maior do que um dos seis pedaços menores.

Essa observação leva a uma conclusão importante: quanto mais dividimos o mesmo inteiro em partes iguais, menores ficam essas partes. Ou seja, mesmo que o numerador seja o mesmo, o denominador maior indica pedaços menores (1/2 é maior que 1/3, que é maior que 1/4, e assim por diante).

Depois da etapa visual, é possível mostrar aos alunos que, em muitos casos, fica mais fácil comparar frações colocando-as com denominadores iguais. Isso pode ser feito por meio de frações equivalentes, aproximando o conteúdo do cálculo formal sem abrir mão da intuição que já foi construída.

Em atividades de sala, o professor pode propor jogos simples, como cartas com frações em que os alunos precisam ordenar do menor para o maior, ou escolher rapidamente qual fração representa a maior porção de uma mesma figura.

Operações básicas com frações no 4º ano

Depois que as crianças já dominam o significado de numerador, denominador, equivalência e comparação, o próximo passo é introduzir as operações com frações. Para o quarto ano, o foco costuma ser a compreensão das ideias de adição, subtração, multiplicação e divisão de frações, com ênfase na interpretação de cada procedimento.

Na adição e subtração de frações, o ponto central é entender a importância de trabalhar com partes do todo que têm o mesmo tamanho. Isso significa que, para somar ou subtrair frações, é preciso que seus denominadores sejam iguais, pois só assim estamos lidando com pedaços do mesmo tipo.

No caso em que os denominadores já são iguais, o procedimento é simples: conservamos o denominador e somamos ou subtraímos apenas os numeradores. Por exemplo, 3/5 + 1/5 = 4/5, pois estamos somando três partes de um quinto com mais uma parte de um quinto, totalizando quatro partes de um quinto.

Para a subtração, a lógica é a mesma. Em 5/7 − 3/7, mantemos o denominador 7 e subtraímos os numeradores: 5 − 3 = 2, resultando em 2/7. Isso pode ser facilmente representado com desenhos de barras ou retângulos divididos em sete partes, onde pintamos e apagamos algumas partes.

Relacionado:  Somando e subtraindo frações: guia completo com MMC, borboleta, mistas e exercícios

Quando os denominadores são diferentes, é necessário torná-los iguais antes de somar ou subtrair. Para isso, buscamos frações equivalentes com um mesmo denominador, geralmente usando o mínimo múltiplo comum (MMC) dos denominadores envolvidos, adaptando a explicação ao nível da turma.

Por exemplo, considere a soma 1/6 + 3/4. O MMC de 6 e 4 é 12. Então encontramos frações equivalentes com denominador 12: 1/6 se torna 2/12 (multiplicando numerador e denominador por 2) e 3/4 se torna 9/12 (multiplicando por 3). Somando, obtemos 2/12 + 9/12 = 11/12.

Para a multiplicação de frações, a regra é bem direta e, geralmente, as crianças a assimilam rapidamente: multiplicamos os numeradores entre si para obter o novo numerador e multiplicamos os denominadores entre si para obter o novo denominador.

Um exemplo simples é 3/5 × 4/7. Fazemos 3 × 4 = 12 no numerador e 5 × 7 = 35 no denominador, resultando em 12/35. Em seguida, podemos verificar se a fração pode ser simplificada ou não, dependendo da divisibilidade de 12 e 35.

Já a divisão de frações pode ser explicada como a multiplicação pela fração inversa. Na prática, mantemos a primeira fração (o dividendo) e multiplicamos pelo inverso da segunda fração (o divisor), ou seja, trocamos o numerador com o denominador da fração que está depois dos dois pontos.

Por exemplo, para calcular 3/5 ÷ 2/7, deixamos 3/5 como está e invertemos 2/7 para 7/2. Em seguida, multiplicamos: 3/5 × 7/2 = 21/10. Esse resultado pode também ser escrito como um número misto, se for interessante mostrar 2 inteiros e 1/10.

Para ajudar os alunos a fixar essas operações, é indicado propor exercícios gradativos, começando por frações com denominadores simples e evoluindo para situações envolvendo equivalência. Também é útil usar problemas contextualizados que falem de tempo, dinheiro, comida ou materiais escolares, conectando o conteúdo ao dia a dia da turma.

Exemplos de problemas com frações para o 4º ano

Problemas de interpretação envolvendo frações são fundamentais para consolidar o aprendizado, pois fazem o aluno aplicar o que sabe a situações reais. A seguir, alguns exemplos inspirados em provas e exercícios comuns, que podem ser adaptados para o quarto ano.

Imagine que uma estudante guarda 3/10 de seu dinheiro em uma poupança e usa 1/10 para pagar o aluguel. Pergunte aos alunos: qual fração do dinheiro dela ainda sobra após essas duas despesas? O raciocínio é trabalhar com a ideia de que o dinheiro total foi dividido em 10 partes iguais.

Nesse problema, sabemos que ao todo há 10 partes iguais, representando o salário completo. Ela utilizou 1/10 e reservou 3/10, somando 4/10 que já foram destinados. Para saber quanto restou, fazemos 10/10 − 4/10, o que corresponde a 6/10, representando a parte do salário que ainda está disponível.

Outro tipo de questão envolve a noção de frações equivalentes. Por exemplo, pode-se pedir que o aluno identifique, entre várias alternativas, qual fração é equivalente a 4/12. Ao simplificar 4/12, dividindo numerador e denominador por 4, obtemos 1/3, mostrando que essas frações representam a mesma quantidade.

Trabalhar esse tipo de problema ajuda o aluno a perceber que reduzir e comparar frações não é apenas um cálculo mecânico, mas uma forma de entender melhor o valor que está sendo representado, além de treinar o olhar para múltiplos e divisores.

Em sala de aula, o professor pode criar listas de exercícios que misturem leitura, classificação, comparação e operações com frações, sempre respeitando o ritmo da turma, oferecendo exemplos resolvidos e propondo desafios que incentivem o raciocínio de forma gradual.

Quando o ensino de frações para o quarto ano do ensino fundamental combina explicações claras, apoio visual, situações do cotidiano e exercícios bem planejados, os alunos desenvolvem uma compreensão sólida desse conteúdo. Eles aprendem que fração é muito mais do que “número em cima e número embaixo”: é uma maneira poderosa de representar partes, divisões e quantidades que aparecem o tempo todo na vida real, desde a partilha de uma pizza até a leitura de porcentagens e medidas em etapas mais avançadas.

Artículo relacionado:
Os 31 matemáticos mais famosos e importantes da história