A psicologia evolutiva é uma das muitas disciplinas da ciência psicológica dedicados a do estudo do comportamento humano e as mudanças nele ocorrem ao longo do tempo.
Essa ciência é responsável por mudanças externas perceptíveis, bem como aquelas internas e não diretamente visíveis.
O elemento chave que diferencia a psicologia evolutiva de outros campos é o interesse no comportamento humano do ponto de vista de suas mudanças e transformações ao longo da vida dos indivíduos.
As mudanças que ele estuda são normativas ou quase normativas. Ou seja, eles são aplicáveis a todos os seres humanos ou a grandes grupos deles. O oposto do normativo é o idiossincrático. Por exemplo, um fato normativo é que todos os seres humanos requerem cuidados e atenção desde o nascimento e ao longo da infância.
Além disso, as mudanças estudadas pela psicologia evolutiva mantêm uma estreita relação com a idade. Essa abordagem se concentra no estudo das mudanças que geralmente ocorrem nas pessoas em um período específico da vida.
Os comportamentos e mudanças estudados por esta ciência abrangem todo o desenvolvimento dos indivíduos. Desde que eles são concebidos até a morte.
A razão para estudar as mudanças em cada estágio evolutivo se deve à maturação do organismo (cérebro, sistema nervoso, músculos, etc.). Esse processo de maturação tem mais semelhanças entre os indivíduos, quanto menores eles são, ou seja, no início do desenvolvimento.
Em geral, a psicologia evolucionária abrange os seguintes estágios: primeira infância (de 0 a 2 anos), anos antes da escolaridade obrigatória (de 2 a 6 anos), anos da escola primária (de 6 a 12 anos), adolescência (até o final da segunda década de vida), maturidade (de aproximadamente 20 a 60 a 70 anos) e velhice (em torno de 65 a 70 anos).
Mais tarde, discutirei essas etapas com maior profundidade e detalhará as características de cada uma delas.
Dentro desses estudos, existem algumas variáveis de grande relevância, como o momento histórico e a cultura em que o indivíduo se desenvolve.
Evolução histórica da psicologia evolucionária
Os primeiros antecedentes da psicologia evolucionária remontam ao s. XV com John Locke, que disse que a mente das crianças era um tabula plano. Ou seja, eles nascem sem conteúdo psicológico e espiritual.
Mais tarde, Jean Jacques Rousseau (1712-1778) refutou Locke dizendo que a mente da criança não era um recipiente vazio. As crianças nascem com bondade natural e com um sentimento inato de certo e errado. Uma boa educação consistirá em facilitar estímulos no momento certo para ele aprendê-los.
Outro predecessor da psicologia evolucionária foi Darwin com sua teoria evolutiva e o mecanismo da seleção natural.
Foi mais tarde, ao longo do século XVII, quando a psicologia evolucionária se tornou uma disciplina científica. No início, encontramos os seguintes autores:
William Thierry Preyer. Ele enfatizou a importância da observação sistemática. Ele estudou os sentidos, inteligência e vontade através de pequenas experiências.
– Alfred Binet . Ele usou a metodologia experimental em estudos de memória, inteligência, criatividade e imaginação.
– Stanley Hall . Ele desenvolveu a primeira teoria sobre a adolescência. Ele fez uso extensivo dos questionários para explorar grandes amostras de sujeitos.
– James Mark Baldwin . Ele afirmou que o desenvolvimento ocorre em etapas. Além disso, ele introduziu conceitos como esquemas cognitivos, reações circulares, etc.
Estágios da Psicologia Evolutiva
1- Estágio pré-natal e primeira infância
O processo de crescimento é muito organizado. A evolução dos indivíduos é prescrita no código genético e é controlada pelo cérebro e hormônios. Além disso, está aberto a influências ambientais.
No cérebro está o suporte físico de todos os processos psíquicos. Durante o desenvolvimento fetal, o cérebro cresce mais rapidamente do que outros órgãos.
No nascimento, o cérebro humano já atingiu 25% do seu peso adulto, enquanto o resto do corpo mal pesa 5% do seu peso adulto. Aos 6 anos de idade, o cérebro já atingiu aproximadamente 90% do seu valor adulto.
Esse estágio, na primeira infância, é o mais rico, pois muitas mudanças aparecem em pouco tempo devido ao desenvolvimento e crescimento maturacionais.
No que diz respeito às habilidades psicomotoras, são encontradas grandes limitações nas primeiras semanas e meses de vida. É na segunda metade do segundo ano de vida que se verifica como grandes conquistas foram produzidas. O desenvolvimento psicomotor responde a duas leis fundamentais:
- Lei de desenvolvimento do fluxo de cabeça. Primeiro, as partes do corpo mais próximas da cabeça são controladas. O controle se estenderá progressivamente para as partes inferiores.
- Lei do desenvolvimento proximal-distal. O controle das áreas próximas à linha do eixo do corpo será anterior ao das partes mais afastadas do eixo.
Além disso, observa-se nesta fase como os movimentos estão se tornando cada vez mais complexos. As habilidades psicomotoras finas se referem a movimentos nos quais pequenos grupos musculares estão envolvidos.
É complementar às habilidades psicomotoras grosseiras, nas quais grandes grupos musculares envolvidos nos mecanismos de locomoção, equilíbrio e controle postural estão envolvidos.
Durante os dois primeiros anos de vida, há um crescente controle do próprio corpo pelo bebê.
Com relação ao restante dos sentidos, Piaget estabeleceu uma série de estágios de desenvolvimento. Dentro de sua teoria na primeira infância, está o Estádio de Inteligência Sensorimotora, que está ligado ao desenvolvimento sensorial e motor. O bebê está relacionado ao mundo através dos sentidos e da ação. Através de diferentes meios:
- Estabelecendo relações causais. Por exemplo: quando eu toco uma tecla, um barulho é ouvido.
- Distinguir entre meios e fins. Ou seja, intencionalidade.
- Construindo a noção de permanência do objeto.
- Desenvolvendo uma ideia de espaço.
- Preparando as primeiras representações e acessando a função simbólica.
Ao longo desses dois anos, a linguagem também aparece e os cinco sentidos se desenvolvem: visão, audição, tato, paladar e olfato. Além disso, a coordenação intersetorial ocorre.
Durante esse estágio evolutivo, aparecem regulação emocional, empatia e apego, que é o vínculo emocional que a criança estabelece com uma ou várias pessoas no sistema familiar. Ou seja, seus cuidadores estáveis. Esse vínculo gera um relacionamento emocional privilegiado.
A principal função é adaptativa, ou seja, a sobrevivência do bebê e isso proporciona segurança emocional.
Outro aspecto é o relacionamento com os colegas. Cada vez, desde a mais tenra idade, as crianças são expostas ao contato com colegas no contexto de situações familiares em que participam regularmente.
Esses elos desempenham um papel fundamental no desenvolvimento e estímulo das crianças. Além disso, os comportamentos do primeiro jogo aparecem.
2- Entre dois anos e o final da escola primária
O desenvolvimento psicomotor será cada vez mais sustentado e voluntário. Além disso, menos lábil e mais consciente.
Nas habilidades cognitivas, ocorrem mudanças importantes, mas as mais relevantes ocorrem no início da escola primária. Esses desenvolvimentos afetam as habilidades psicomotoras finas e grosseiras.
Nesse estágio, ocorrem os processos de estruturação do tempo e do espaço. No que diz respeito às relações espaciais (cima-baixo, esquerda-direita), elas são cruciais para a aquisição da escrita eletrônica.
Noções temporárias (antes-depois, amanhã-tarde-noite, ontem-hoje-amanhã) são mais difíceis de dominar do que as espaciais.
Além disso, a conscientização do esquema corporal aparece. Ou seja, a representação do corpo e de suas partes, as possibilidades de movimento e ação e também suas limitações. Esse processo ocorre através de tentativa de erro e ajuste progressivo da ação do corpo aos estímulos do ambiente.
Esta etapa, cobrindo tantos anos de desenvolvimento, contém subestágios de desenvolvimento, pois foram classificados por vários autores em termos de habilidades cognitivas.
No desenvolvimento da personalidade, existem vários autores e abordagens. Primeiro, as descrições psicanalíticas de Freud e Erikson e as clássicas, como Wallon .
Os pontos que coincidem com essas teorias são a construção da personalidade das crianças durante os anos pré-escolares e o enriquecimento cognitivo durante os anos escolares.
Nestes anos, a família desempenha um papel fundamental como contexto socializante da criança e os relacionamentos que nela aparecem. Dessa forma, a maneira como as crianças são educadas terá grandes repercussões ao longo de suas vidas.
Outro aspecto muito importante e muito estudado nesse campo é o jogo. O jogo é definido como uma atividade voluntária, motivada intrinsecamente , que produz prazer e ocorre espontânea e voluntariamente.
3- A adolescência
Esse estágio é um fenômeno cultural que está intimamente associado a repercussões negativas. Na verdade, isso não significa conflito ou pausa. É um estágio convulsivo, porque importantes mudanças físicas, cognitivas, sociais e emocionais ocorrem.
Os problemas mais comuns da adolescência podem ser resumidos em três áreas: conflito familiar, instabilidade emocional e comportamentos de risco.
No nível cognitivo, ocorrem processos de abstração, graças aos quais os adolescentes podem usar várias hipóteses simultaneamente.
Além disso, a intelectualização ocorre como mecanismo de defesa, rebelião, introspecção e metacognição.
4- Idade adulta e velhice
Dentro deste estágio, existem diferentes fases:
- Início da vida adulta: de 25 a 40 anos.
- Média de idade adulta: de 40 a 65 anos.
- Idade adulta tardia ou velhice inicial: entre 65 e 75 anos.
- Idade avançada: a partir dos 75 anos.
Embora a idade adulta seja concebida como um período em que não ocorra desenvolvimento e seja considerada um período de estabilidade, a verdade é que importantes mudanças continuam ocorrendo, bem como a continuação do desenvolvimento.
No que diz respeito à velhice, existem diferenças individuais. Além disso, não deve ser concebido como um período de declínio e perda de capacidade. Alguns deles podem até aumentar, como a sabedoria.
O corpo humano atinge a maturidade entre 25 e 30 anos de vida. O envelhecimento biológico é um processo distribuído de forma muito assíncrona entre diferentes funções biológicas e diferentes órgãos do corpo. É um processo que admite diferenças muito amplas entre algumas pessoas e outras.
Apesar do processo de envelhecimento, nosso corpo e seus diferentes órgãos são potencialmente capazes de manter o funcionamento biológico adequado até idades muito avançadas. Dessa forma, é possível a adaptação às demandas do meio ambiente.
Um dos eventos culturalmente mais comuns que envolve a configuração do restante dos estágios é o fato de ter um parceiro e filhos. A seguir, trago uma série de etapas que foram muito estudadas:
– O novo casal. A oje, a taxa de divórcio é bastante elevada. Pelo contrário, quando a estabilidade aparece, um alto nível de satisfação é gerado.
As tarefas que devem ser resolvidas nessa etapa são a conquista da segurança econômica, a busca de um local confortável, o estabelecimento de um bom relacionamento com o meio ambiente, o estabelecimento de um modelo adequado de comunicação e resolução de conflitos.
– Transição para a paternidade.Ocorre desde o nascimento do primeiro filho até sua chegada na adolescência. Nesse estágio, a satisfação conjugal geralmente diminui e novos estilos de vida relacionados à criação dos filhos aparecem.
– adolescência em meia-vida. Ocorre desde o primeiro filho atingir a adolescência até o último sair de casa. Esse estágio geralmente ocorre ao mesmo tempo que a crise da meia-idade. Os adultos são forçados a se adaptar às mudanças nos filhos adolescentes e, em muitos casos, a cuidar dos pais.
– Ninho vazio que inclui desde o último filho sai de casa até a aposentadoria de ambos os cônjuges. Nesse estágio, o relacionamento conjugal geralmente melhora à medida que as perdas que ocorrem reforçam o relacionamento.
– O estágio culminante que ocorre da aposentadoria à viuvez. A duração desta fase é muito variável de um parceiro para outro e geralmente é um estágio satisfatório de comunhão e interdependência.
Outro fato também estudado pela psicologia evolucionária é o da morte, que ocorre dentro desse estágio. Um dos cônjuges se prepara para a perda do ente querido.
Referências
- Definição de Psicologia Evolutiva. Site: definicion.de.
- PALACIOS, Jesus; MARCHESI, Álvaro; COLL, César. (2008). Desenvolvimento psicológico e educação. Psicologia Evolutiva Aliança Editorial.
- Psicologia Evolutiva e Etapas do Desenvolvimento. Universidade Internacional de Valência (VIU). Site: viu.es.