- Compreender numerador, denominador e frações equivalentes é essencial para somar, subtrair e estimar resultados com frações.
- Frações com denominadores iguais são operadas diretamente nos numeradores; com denominadores diferentes, usamos MMC ou o método da borboleta.
- Simplificar o resultado e, quando necessário, transformar frações impróprias em mistas torna a interpretação dos valores muito mais clara.
- Estimativas aproximadas ajudam a conferir resultados e a resolver rapidamente problemas de contexto envolvendo consumo, partilhas e medidas.
As frações fazem parte do nosso dia a dia sem que a gente perceba: dividir um chocolate, repartir uma pizza, medir ingredientes de uma receita, tudo isso envolve pedaços de um todo. Quando aprendemos a somar e subtrair frações, damos um passo importante para entender melhor a matemática e resolver situações bem comuns, tanto na escola quanto fora dela.
Antes de falar de contas complicadas, vale reforçar que cada fração é formada por duas partes: o número de cima, chamado de numerador, e o número de baixo, chamado de denominador. O denominador indica em quantas partes iguais o todo foi dividido, e o numerador mostra quantas dessas partes estão sendo consideradas. A partir disso, conseguimos fazer adição, subtração, multiplicação e divisão de frações, mas aqui vamos focar principalmente em como somar, subtrair e estimar esses resultados sem precisar sempre calcular tudo exatamente.
O que é uma fração e como ela funciona
Uma fração representa uma parte de um todo, ou seja, um pedaço de algo que foi dividido em partes iguais. Se um bolo foi repartido em 8 fatias do mesmo tamanho, cada fatia corresponde a 1/8 do bolo. O número 1 é o numerador, e o 8 é o denominador. Sempre que trabalhamos com frações, a grande regra é que essas partes precisam ser iguais, senão a conta não faz sentido.
O numerador mostra quantas partes estão sendo consideradas, e o denominador mostra em quantas partes iguais o todo foi dividido. Em 3/8, por exemplo, temos 3 partes de um total de 8. Esse jeito de escrever quantidades é fundamental para resolver problemas que envolvem divisões que não ficam “redondas” em números inteiros, como meio, quarto, terço etc.
Quando somamos ou subtraímos frações, o cuidado principal é olhar para os denominadores, porque é ele que indica o tipo de pedaço com que estamos lidando. Não dá para misturar diretamente 1/3 com 1/4, por exemplo, como se eles fossem partes iguais. É como juntar um pedaço de pizza cortada em 3 com outro de uma pizza cortada em 4: os pedaços não têm o mesmo tamanho.
Por isso, entender a diferença entre frações com denominadores iguais e denominadores diferentes é o primeiro passo para dominar a soma e a subtração de frações. Cada caso tem um jeito próprio de resolver, e isso vale tanto para o cálculo exato quanto para a estimativa, quando queremos apenas ter uma ideia aproximada do resultado.
Adição de frações com denominadores iguais
Quando as frações têm o mesmo denominador, somar é muito mais simples: basta somar os numeradores e manter o denominador. Nesse caso, as partes já são do mesmo tamanho, então é como contar quantos pedaços iguais temos ao todo.
Por exemplo, em 2/8 + 3/8, as duas frações estão divididas em oitavos, então só precisamos juntar as partes de cima: 2 + 3 = 5, mantendo o 8 embaixo. Assim, 2/8 + 3/8 = 5/8. O tipo de pedaço (oitavo) não muda, o que muda é apenas a quantidade de partes que temos.
O mesmo raciocínio vale para outras frações com o mesmo denominador, como 2/5 + 2/5. Como ambos estão em quintos, somamos os numeradores: 2 + 2 = 4, e mantemos o denominador 5. Resultado: 4/5. Essa regra funciona tanto para adição quanto para subtração, desde que os denominadores sejam iguais.
Em situações do cotidiano, isso aparece o tempo todo, por exemplo quando duas pessoas comem partes iguais de um mesmo bolo que foi cortado em tantos pedaços iguais. Se um comeu 3/12 e outro comeu 4/12, o total consumido é 3/12 + 4/12 = 7/12, porque as duas porções são do mesmo tipo de fatia.
Adição de frações com denominadores diferentes
O desafio maior aparece quando os denominadores são diferentes, como em 1/2 e 2/3, porque as partes não têm o mesmo tamanho. Para conseguir somar essas frações, precisamos transformá-las em frações equivalentes com o mesmo denominador.
O caminho mais comum é usar o MMC (Mínimo Múltiplo Comum) dos denominadores, que é o menor número que é múltiplo de todos eles. No caso de 1/2 e 2/3, calculamos o MMC de 2 e 3. Como 2 × 3 = 6 e esse é o menor múltiplo comum, o MMC é 6. Em seguida, transformamos cada fração para que o denominador vire 6.
Para isso, dividimos o MMC pelo denominador de cada fração e multiplicamos o resultado pelo numerador e pelo próprio denominador. No exemplo, 6 ÷ 2 = 3, então multiplicamos 1/2 por 3/3, obtendo 3/6. Depois, 6 ÷ 3 = 2, então multiplicamos 2/3 por 2/2, obtendo 4/6. Agora as frações são semelhantes (mesmo denominador) e podemos somar: 3/6 + 4/6 = 7/6.
Esse processo de “igualar denominadores” funciona para qualquer conjunto de frações, inclusive com mais de duas, usando o MMC de todos os denominadores envolvidos. Em contas com 7, 8 e 5, por exemplo, buscamos o MMC(7, 8, 5). Um valor possível é 280, pois é um número divisível por todos esses denominadores, permitindo que todas as frações sejam reescritas com base 280 e, depois disso, somadas normalmente.
Outro exemplo clássico é a soma de 2/3 e 4/8; o MMC entre 3 e 8 é 24, então reescrevemos 2/3 como 16/24 e 4/8 como 12/24. Com os denominadores iguais, fazemos 16/24 + 12/24 = 28/24, e em seguida podemos simplificar essa fração, dividindo numerador e denominador pelo mesmo número, como veremos mais à frente.
Método prático (borboleta) para somar frações
Além do uso do MMC, muita gente gosta de um atalho conhecido como método da borboleta para somar frações com denominadores diferentes. A ideia é fazer multiplicações em cruz entre numeradores e denominadores, formando uma espécie de desenho de asas de borboleta.
No método da borboleta, multiplicamos o numerador da primeira fração pelo denominador da segunda, e o numerador da segunda pelo denominador da primeira, somando os resultados obtidos. Em seguida, multiplicamos os denominadores entre si para obter o novo denominador comum.
Por exemplo, para 3/7 + 4/5, calculamos 3 × 5 e 7 × 4, obtendo 15 e 28, respectivamente. Depois, somamos esses valores: 15 + 28 = 43. O denominador será 7 × 5 = 35, então a soma fica 43/35. Não precisamos passar explicitamente pelo MMC, porque a própria multiplicação dos denominadores gera um denominador comum.
Em outro caso, 2/5 + 4/9, fazemos 2 × 9 = 18 e 5 × 4 = 20; somando 18 e 20, temos 38, e o denominador é 5 × 9 = 45. Assim, obtemos 38/45 como resultado. Esse método é rápido e útil para cálculos manuais, embora às vezes leve a denominadores maiores do que o necessário, porque nem sempre usa o menor múltiplo comum.
Subtração de frações com denominadores iguais
Para subtrair frações com o mesmo denominador, a lógica é praticamente a mesma da adição: mantemos o denominador e subtraímos apenas os numeradores. Aqui, a ideia é “tirar pedaços” de um todo que já está dividido nas mesmas partes.
Se tivermos 5/8 − 2/8, ambos representam partes em oitavos, então basta fazer a conta 5 − 2 no numerador. O denominador continua 8, resultando em 3/8. Você está, na prática, retirando duas partes de um total de cinco partes iguais.
Outro exemplo: 3/5 − 2/5; como as frações são ambas em quintos, subtraímos 3 − 2 = 1 e deixamos o denominador como 5. O resultado é 1/5. Esse tipo de conta aparece muito em problemas de consumo de algo que já foi previamente dividido em partes iguais.
Esse modelo de raciocínio é muito importante em situações de contexto, como problemas envolvendo comida, tempo ou material escolar. Sempre que o enunciado deixa claro que a divisão em partes iguais foi mantida, podemos subtrair diretamente os numeradores, desde que os denominadores sejam idênticos.
Subtração de frações com denominadores diferentes
Quando os denominadores são diferentes, a subtração segue a mesma ideia da soma: precisamos primeiro encontrar um denominador comum. Sem isso, estaríamos retirando pedaços de tamanhos diferentes, o que não faz sentido matematicamente.
Um caminho é calcular o MMC dos denominadores, reescrever as frações como equivalentes com esse denominador e, então, subtrair os numeradores. Por exemplo, em 3/4 − 2/3, o MMC entre 3 e 4 é 12. Transformamos 3/4 em 9/12 e 2/3 em 8/12; depois, fazemos 9/12 − 8/12 = 1/12.
O mesmo raciocínio vale para 2/3 − 4/8; aqui, o MMC de 3 e 8 é 24, então escrevemos 2/3 como 16/24 e 4/8 como 12/24. Subtraindo, obtemos 16/24 − 12/24 = 4/24. Como numerador e denominador são divisíveis por 4, podemos simplificar para 1/6, deixando a fração em uma forma mais simples de interpretar.
Também é possível aplicar o método da borboleta na subtração, seguindo a mesma ideia da soma, mas trocando o sinal de + por − na hora de combinar os produtos cruzados. Em 5/7 − 3/5, calculamos 5 × 5 = 25 e 7 × 3 = 21, depois fazemos 25 − 21 = 4. O denominador fica 7 × 5 = 35, logo o resultado é 4/35.
Em um exemplo como 3/5 − 4/9, fazemos 3 × 9 = 27 e 5 × 4 = 20, depois 27 − 20 = 7, com denominador 5 × 9 = 45. A fração resultante é 7/45. Esse método é prático, mas, assim como na soma, pode gerar denominadores maiores do que o necessário se compararmos com o uso do MMC.
Frações mistas: soma e subtração
Frações mistas são aquelas que combinam uma parte inteira com uma parte fracionária, como 2 1/3 ou 4 1/2. Elas aparecem bastante em receitas, medidas de comprimento, tempo e diversas situações do dia a dia.
Para somar ou subtrair frações mistas, uma estratégia comum é separar as partes inteiras das partes fracionárias. Primeiro, somamos ou subtraímos apenas os números inteiros; depois, fazemos a operação com as frações, usando todas as regras que já vimos sobre denominadores iguais ou diferentes.
No caso de 2 1/3 + 3 2/5, somamos primeiro as partes inteiras: 2 + 3 = 5. Em seguida, trabalhamos com a soma de 1/3 e 2/5. Usando o MMC de 3 e 5, que é 15, reescrevemos 1/3 como 5/15 e 2/5 como 6/15. A soma das frações fica 11/15. Juntando tudo, o resultado é 5 11/15.
Na subtração, seguimos a mesma ideia: em 4 1/2 − 3 2/5, subtraímos primeiro 4 − 3 = 1. Depois, calculamos 1/2 − 2/5. O MMC de 2 e 5 é 10; assim, 1/2 vira 5/10, e 2/5 vira 4/10. Subtraindo, temos 5/10 − 4/10 = 1/10. O resultado final fica 1 1/10.
Uma alternativa é transformar a fração mista em fração imprópria (em que o numerador é maior que o denominador), fazer a conta normalmente e depois voltar para a forma mista. Embora dê um pouco mais de trabalho, esse procedimento costuma facilitar quando o cálculo envolve muitas frações mistas em sequência.
Como simplificar frações após as operações
Depois de somar ou subtrair frações, é muito comum que o resultado possa ser simplificado, isto é, reescrito de um jeito mais “enxuto” dividindo o numerador e o denominador por um mesmo número. Isso não muda o valor da fração, apenas a deixa em uma forma mais simples de entender.
Para simplificar, procuramos um divisor comum ao numerador e ao denominador, preferencialmente o maior divisor comum. Se, por exemplo, obtivermos 28/24, podemos dividir ambos por 4, o que gera 7/6. Essa fração já está simplificada, pois 7 e 6 não têm outros divisores comuns além de 1.
Em alguns casos, o resultado vem diretamente com números que permitem simplificação por 2, 3, 5 ou outros primos. Por exemplo, se a conta gera 4/24, é possível dividir por 4, resultando em 1/6. Esse processo ajuda muito na hora de comparar frações e interpretar quanto realmente está sendo representado.
Quando o resultado é uma fração imprópria, como 7/6, podemos ainda transformar‑la em fração mista. Nesse caso, 7/6 significa 1 inteiro e mais 1/6. Essa conversão facilita a leitura em contextos como receitas, medições ou partes de um todo, onde inteiros e frações costumam aparecer juntos.
Estimando a soma e a diferença de frações
Nem sempre a situação exige o cálculo exato; muitas vezes, basta ter uma boa ideia aproximada do resultado da soma ou da subtração de frações. É aí que entra a estimativa, uma ferramenta muito útil para resolver questões mais rápido e conferir se um resultado faz sentido.
Uma estratégia prática é arredondar as frações para valores próximos que sejam mais simples, como 0, 1/2, 1 ou 1 inteiro e meio, dependendo do contexto. Por exemplo, 3/8 é um pouco menos que 1/2, e 5/8 é um pouco mais que 1/2; saber disso já ajuda a prever se a soma ou diferença vai ficar perto de meio, de um inteiro, ou de outro valor conhecido.
Se quisermos estimar 3/8 + 9/20, podemos observar que 3/8 ≈ 0,375 e 9/20 = 0,45; os dois estão perto de 0,4 e 0,5, então a soma deve ficar um pouco abaixo de 1. Quando fazemos a conta exata usando MMC(8, 20) = 40, obtemos 3/8 = 15/40 e 9/20 = 18/40, chegando a 15/40 + 18/40 = 33/40, que realmente é pouco menor que 1.
Na subtração, também dá para estimar se o resultado será positivo pequeno, positivo grande ou até mesmo negativo, dependendo da comparação entre as frações. Se você tiver algo como 2/3 − 1/2, percebe que 2/3 é um pouco maior que 1/2, então o resultado positivo será menor que 1/3. Mesmo sem fazer a conta exata, já conseguimos ter uma ideia aproximada do tamanho da diferença.
Essas estimativas são especialmente valiosas em provas com tempo limitado, em exercícios de múltipla escolha e em situações do dia a dia, em que não precisamos de precisão absoluta. Elas servem também para conferir se o resultado exato encontrado faz sentido, evitando erros grosseiros de cálculo.
Aplicando soma e subtração de frações em problemas do cotidiano
Os problemas de texto mostram como as frações aparecem de forma muito concreta em situações simples, como dividir chocolates, ovos ou pedaços de bolo. Nessas questões, a primeira tarefa é traduzir a história em frações e operações matemáticas.
Imagine uma barra de chocolate dividida em 8 quadradinhos; se alguém come 3 pedaços em um dia e 2 no outro, a fração total consumida é 3/8 + 2/8. Como os denominadores são iguais, somamos 3 + 2 = 5, mantendo 8 embaixo: 5/8 já foram comidos, então restam 3/8.
Em outro exemplo, um bolo foi cortado em 12 pedaços iguais; João comeu 3/12 e Maria, 4/12. A pergunta é quanto do bolo foi consumido ao todo. Como os denominadores são idênticos, fazemos 3/12 + 4/12 = 7/12. Assim, mais da metade do bolo já foi embora, e o restante é 5/12.
Também podemos ver frações em contextos de uso de ingredientes, como no caso em que Ana tem 6 ovos e precisa usar metade deles para um bolo e um terço para uma omelete. Metade de 6 é 3, e um terço de 6 é 2; ao todo, ela usa 3 + 2 = 5 ovos, sobrando apenas 1. Ainda que aqui possamos resolver usando apenas números inteiros, o raciocínio de frações está por trás do problema.
Outro tipo de situação envolve retirada de uma parte que já era fracionária, como no caso em que alguém tem 2/5 de uma pizza e outra pessoa come 1/8 dela. Para saber quanto sobrou, fazemos 2/5 − 1/8. Usando o denominador comum 40, transformamos as frações em 16/40 e 5/40. A subtração resulta em 11/40, que é a parte da pizza que ainda resta.
Dominar esses tipos de problemas com frações ajuda a conectar a matemática com situações reais, além de reforçar o entendimento conceitual de soma, subtração e estimativa. Com o tempo, fica bem mais natural enxergar pedaços de algo em forma de frações e prever se as respostas estão coerentes ou não.
Depois de praticar bastante soma, subtração, simplificação e estimativa com frações, a maneira de enxergar partes de um todo vai ficando cada vez mais intuitiva. Saber quando usar o MMC, quando o método prático da “borboleta” é suficiente, quando vale simplificar uma fração ou transformá‑la em mista e quando basta uma boa estimativa faz toda a diferença em provas, estudos e situações do cotidiano em que números fracionários aparecem sem aviso.