Ditadura militar argentina: causas, economia e consequências

A ditadura militar argentina foi um período sombrio da história do país, que durou de 1976 a 1983. Este regime autoritário foi marcado por violações dos direitos humanos, perseguições políticas e repressão violenta contra opositores do governo. As causas que levaram ao golpe militar incluem a instabilidade política, a crise econômica e a ameaça da guerrilha urbana. Durante esse período, a economia argentina foi fortemente controlada pelo governo, com políticas econômicas neoliberais que resultaram em altos índices de inflação e desemprego. As consequências da ditadura militar foram devastadoras para a sociedade argentina, deixando um legado de trauma, desaparecimentos forçados e divisões profundas que ainda ecoam até os dias atuais.

Impactos decorrentes da ditadura militar na Argentina: quais foram e como influenciaram a sociedade.

Na Argentina, a ditadura militar que ocorreu entre 1976 e 1983 deixou marcas profundas na sociedade e na história do país. Os impactos decorrentes desse período foram devastadores e influenciaram de maneira significativa a vida dos argentinos.

Um dos principais impactos da ditadura militar foi a violação dos direitos humanos. Milhares de pessoas foram presas, torturadas e desaparecidas durante esse período, deixando famílias inteiras em busca de respostas e justiça. A repressão política e a censura também foram fortes características desse regime autoritário, que silenciou qualquer voz discordante.

Além disso, a economia argentina também foi profundamente afetada pela ditadura militar. O regime implementou políticas econômicas neoliberais que resultaram em altos índices de desemprego, inflação e endividamento externo. A desigualdade social aumentou, gerando ainda mais tensão e descontentamento na população.

Os impactos sociais da ditadura militar na Argentina ainda são sentidos até os dias de hoje. A memória coletiva do terrorismo de Estado e da violência perpetrada pelo regime militar permanece viva na sociedade argentina, que luta constantemente pela justiça e pela memória das vítimas. A busca por verdade e justiça se tornou uma pauta importante na agenda política do país, demonstrando que as feridas deixadas pela ditadura ainda não foram totalmente cicatrizadas.

Por que ocorreu a ditadura na Argentina?

A ditadura militar na Argentina ocorreu principalmente devido a uma série de instabilidades políticas, econômicas e sociais que assolavam o país na época. A principal causa foi a crise econômica que atingiu o país nos anos 70, levando a uma escalada da inflação, desemprego e aumento da pobreza. A população argentina estava descontente com a situação e clamava por mudanças.

Além disso, a polarização política entre grupos de esquerda e de direita também contribuiu para a instabilidade no país. A violência política estava em ascensão, com atentados terroristas e confrontos frequentes entre diferentes grupos ideológicos. A população, cansada da violência e da corrupção, viu no governo militar uma possível solução para restabelecer a ordem e a estabilidade.

Com o golpe militar de 1976, liderado pelo general Jorge Videla, a ditadura foi instaurada na Argentina. O regime militar prometia acabar com a corrupção e a violência, porém, a repressão e o autoritarismo se tornaram marcas registradas do governo militar. A censura, a perseguição política e a violação dos direitos humanos foram constantes durante o período da ditadura.

Em resumo, a ditadura militar na Argentina ocorreu devido a uma combinação de fatores, como a crise econômica, a polarização política e a busca por estabilidade. As consequências desse regime autoritário foram devastadoras para o povo argentino, deixando marcas profundas na história do país.

A influência da Guerra das Malvinas na fragilização do regime militar argentino.

A Guerra das Malvinas teve um impacto significativo na fragilização do regime militar argentino. Antes do conflito, o governo militar estava enfrentando uma série de problemas internos, incluindo a repressão política e a crise econômica. No entanto, a decisão de invadir as ilhas Malvinas em 1982 acabou por ser um erro estratégico que acabou por minar ainda mais a legitimidade do regime.

A derrota militar para o Reino Unido expôs a incompetência e a falta de preparo das Forças Armadas argentinas, o que enfraqueceu a imagem do governo militar perante a população. Além disso, a guerra levou a um aumento da insatisfação popular e a uma maior pressão por uma transição para a democracia.

Os altos custos humanos e econômicos da guerra também contribuíram para a fragilização do regime. A Argentina sofreu um grande número de baixas e teve que lidar com os custos de reconstrução das áreas afetadas pelo conflito. Isso agravou ainda mais a crise econômica do país e minou a capacidade do governo militar de manter o controle da situação.

Em resumo, a Guerra das Malvinas teve um impacto profundo na fragilização do regime militar argentino, expondo suas fraquezas e aumentando a pressão por uma transição para a democracia. Esse evento foi um dos principais catalisadores para o fim da ditadura na Argentina e o retorno à democracia em 1983.

Principais acontecimentos ocorridos na Argentina no ano de 1970: um resumo histórico.

A Argentina passou por uma série de acontecimentos importantes no ano de 1970. Durante esse período, o país enfrentava uma grave crise econômica, com altos índices de inflação e desemprego. Além disso, a insatisfação popular com o governo crescia, resultando em protestos e manifestações em todo o país.

Em meio a esse cenário de instabilidade, as Forças Armadas argentinas começaram a ganhar cada vez mais poder e influência. Em 1976, um golpe militar derrubou o governo democrático e deu início a uma brutal ditadura que durou até 1983. Durante esse período, milhares de pessoas foram presas, torturadas e desapareceram, em um dos episódios mais sombrios da história argentina.

Além disso, a economia do país sofreu um colapso, com a ditarura implementando políticas econômicas desastrosas que levaram a uma grave crise financeira. A Argentina mergulhou em uma profunda recessão, com altos índices de desemprego e pobreza.

As consequências dessa ditadura militar ainda são sentidas hoje, com muitas famílias argentinas buscando justiça para os crimes cometidos durante esse período. A memória dos desaparecidos e torturados é mantida viva, para que tais atrocidades nunca mais se repitam.

Ditadura militar argentina: causas, economia e consequências

A ditadura militar argentina, convocada por seus protagonistas Processo Nacional de Reorganização, governou o país de 1976 a 1983. Embora a Argentina já tenha sofrido outras ditaduras militares durante o século XX, esta é considerada a mais sangrenta e mais repressiva.

A morte de Perón significou um aumento na tensão interna do país. Sua viúva, Maria Estela Martínez de Perón, o substituiu no cargo, embora desde o início ele tenha sofrido forte pressão para deixá-lo. Enquanto isso, a Argentina passava por dificuldades econômicas e crescente violência política.

Ditadura militar argentina: causas, economia e consequências 1

Manifestação contra a ditadura 1982 – Fonte: Ver página do autor [Domínio público], via Wikimedia Commons

O golpe de estado que estabeleceu a ditadura ocorreu em 24 de março de 1976. Os militares se organizaram em uma primeira reunião para governar o país, que seria seguida por mais três. Durante essa etapa, vários presidentes sucederam: Videla, Viola, Galtieri e Bignone.

A repressão contra todos aqueles que pareciam simpatizar com a esquerda foi feroz. O número de desaparecidos é estimado entre 9.000 e 30.000, muitos deles mortos durante os chamados “voos da morte”. Da mesma forma, os governantes estabeleceram uma política sistemática de roubo de crianças e uma política repressiva para com as minorias.

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Causas

A ditadura estabelecida em 1976 foi a última de uma série que começou em 1930 e continuou com os golpes realizados em 1943, 1955, 1962 e 1966. Tudo isso criou uma sociedade acostumada à intervenção do exército na vida pública.

Segundo os dados, o golpe de estado de 1976 havia sido planejado há mais de um ano. Os documentos mostram que, por exemplo, o Departamento de Estado dos Estados Unidos conhecia as intenções dos conspiradores do golpe doze meses antes de agirem.

Atividade armada de grupos esquerdistas

Nascidos no seio do peronismo, os Montoneros realizaram um grande número de ataques armados durante a década de 1970. Nos anos anteriores ao golpe, eles se tornaram cada vez mais próximos do ERP.

Segundo os historiadores, no início de 1976, um assassinato político era cometido a cada cinco horas, embora nem todos fossem realizados por organizações de esquerda. A verdade é que a violência política representou um importante fator de instabilidade, ao qual tivemos que nos unir às crescentes manifestações dos trabalhadores.

O exército reagiu em fevereiro de 1975, quando, no dia 5, a Operação Independência começou. Foi uma intervenção militar que procurou acabar com os guerrilheiros estacionados na selva de Tucumán. Em outubro daquele ano, o país foi dividido em cinco zonas militares, desencadeando uma onda de repressão.

As ações do exército não se limitaram aos membros do ERP e Montoneros, mas também afetaram partidos políticos, estudantes, ativistas religiosos ou populares. Na prática, eles desenvolveram um terrorismo de estado que era o antecedente das ações que a ditadura levaria a cabo.

The Triple A

Outro dos atores que contribuíram para a desestabilização do país foi o Triple A (Aliança Anticomunista Argentina), uma organização de direita que apoiava o exército.

O Triplo A também emergiu das fileiras do peronismo e tinha membros da Polícia Federal e das Forças Armadas. Estima-se que tenha causado o desaparecimento e a morte de quase 700 pessoas, em teoria ligadas a movimentos de esquerda.

Este grupo paramilitar foi desmantelado pouco antes do início da ditadura. A partir daquele momento, foi o próprio governo militar que assumiu seus objetivos e parte de seus métodos.

Crise econômica

Entre instabilidade e gestão governamental, a Argentina teve um grande problema de inflação. Além disso, a suspensão dos pagamentos internacionais estava à beira. Para tentar resolver os problemas, em 1975 a moeda foi desvalorizada e uma grande tarifa foi decretada.

Chamadas de grandes empresas

Algumas das grandes empresas privadas solicitaram diretamente a intervenção do exército. Em parte do setor, eles acusaram o governo constitucional de ser “sovietizante”.

Doutrina de Segurança Nacional e Plano Condor

O golpe de estado na Argentina e a ditadura subsequente também foram enquadrados no contexto internacional. No meio da Guerra Fria , os Estados Unidos mantiveram um conceito em suas relações externas chamado pelos especialistas de “Doutrina da segurança nacional”.

Por meio dessa fórmula, os EUA incentivaram ou apoiaram os militares a tomar o poder nesses países latino-americanos com governos de esquerda. Um dos centros onde as forças armadas foram preparadas foi a Escola das Américas, onde muitos dos ditadores da época passaram.

Na Argentina, já havia uma história da aplicação dessa doutrina. Era o plano CONINTES (comoção interna do Estado), lançado durante o governo de Frondizi em 1957. Esse plano desencadeou a repressão interna e a prisão de líderes da oposição.

Embora o papel dos Estados Unidos na ditadura argentina sempre tenha sido dado como certo, documentos desclassificados demonstraram o apoio de Henry Kissinger, Secretário de Estado, aos conspiradores.

Neles, Kissinger expressa seu desejo de encorajá-los, apesar do aviso da inteligência americana de que isso poderia levar a um banho de sangue.

Contexto social e político

Juan Domingo Perón foi derrubado em 1955, três meses após um massacre na Plaza de Mayo. A partir desse momento, vários governos de fato se alternaram com outras autoridades eleitas, sem que a instabilidade desaparecesse. Além disso, os partidos peronistas foram banidos por muitos anos.

Guerra Fria

Naquela época, o mundo estava imerso na chamada Guerra Fria, que enfrentou os Estados Unidos e a União Soviética sem usar armas. A Revolução Cubana e a ascensão de Castro ao poder encorajaram movimentos esquerdistas no continente. Os Estados Unidos tentaram impedir que a revolução se espalhasse.

A maneira de fazer isso era apoiar, aberta ou indiretamente, os golpes militares contra os governos que ele considerava pró-comunistas. Em 1973, todos os países do Cone Sul, exceto a Argentina, eram ditaduras militares.

Maria Estela Martínez de Perón

Perón voltou do exílio em 1973 e estava disposto a se candidatar às eleições novamente. Seus governos anteriores tinham um caráter populista marcado, mas o de 73 era caracterizado por sua abordagem às forças armadas.

A morte de Juan Domingo Perón em 1974 tornou-se um novo elemento para a desestabilização do país. Dentro de seu movimento, havia várias facções e boa parte das Forças Armadas não aprovou sua substituição por Isabelita, sua viúva.

Maria Estela Martínez de Perón, seu nome real, foi pressionada a deixar o cargo, mas se recusou a fazê-lo.

José López Rega

José López Rega é chamado por alguns historiadores de “o Rasputin argentino”. Sua influência sobre Isabelita Perón foi inegável e teve um papel fundamental em eventos posteriores.

Rega foi a causa da renúncia de Gelbard, Ministro da Economia de Perón, que fez com que a burocracia sindical se fortalecesse. Isso coincidiu com uma intensificação da violência. Os problemas aumentaram quando Celestino Rodrigo foi nomeado novo chefe da economia nacional.

Medidas econômicas

Com o apoio de López Rega, Rodrigo decretou uma série de medidas econômicas altamente questionadas. Entre eles, uma desvalorização do peso que variou entre 100% e 160%. O preço da gasolina aumentou 181% e o do transporte 75%.

Na prática, essas medidas significaram um corte acentuado no poder de compra dos salários, enquanto as exportações agrícolas foram beneficiadas. A inflação aumentou acentuadamente, causando uma grave crise política.

Estratégia Nacional Contra-Insurgente

O presidente solicitou, em setembro de 1975, uma licença temporária por motivos de saúde. Sua posição foi ocupada pelo senador Italo Luder, que reforçou o poder dos militares. Uma de suas primeiras decisões foi dar a ordem de “aniquilar” os guerrilheiros, criando um Conselho de Defesa Nacional controlado pelo Exército.

As Forças Armadas passaram a dividir o país em cinco zonas militares. Os responsáveis ​​por cada um deles tinham poder absoluto para ordenar ações, as ações repressivas que consideravam necessárias.

Luder, além disso, decretou o avanço das eleições planejadas para março de 1977. A nova data planejada foi a segunda metade de 1976.

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Segundo os historiadores, naquele período houve uma reunião liderada por Jorge Rafael Videla, comandante em chefe do Exército, com outros comandantes seniores e a participação de conselheiros franceses e americanos.

Naquela reunião, aprovaram secretamente a Estratégia Nacional de Contra-Insurgência, que dispensou as garantias do Estado de Direito na luta contra a insurgência.

O próprio Videla declarou, durante uma Conferência dos Exércitos Americanos realizada em 23 de outubro de 1975, que “se necessário, na Argentina, todo o povo necessário para alcançar a paz no país deve morrer”.

Tentativa de golpe

Isabelita Perón retornou à presidência em outubro do mesmo ano. Dois meses depois, em 18 de dezembro, houve uma tentativa de golpe do setor ultra-nacionalista das Forças Aéreas.

O levante, durante o qual a Casa Rosa foi metralhada, não teve êxito. No entanto, ele teve sucesso em seu objetivo de substituir o comandante das Forças de Área, Héctor Fautario. Este foi o último exército a apoiar o presidente e, além disso, o principal obstáculo para Videla assumir o poder.

Na véspera de Natal daquele ano, Videla foi às Forças Armadas e lançou um ultimato a Isabel para encomendar o país em 90 dias.

Em fevereiro, Viola planejou os seguintes movimentos para atacar, como a detenção clandestina de oponentes sob a acusação de “ações anti-subversivas”.

Military Boards

O golpe começou às 3 e 10 da manhã de 24 de março de 1976. Naquela noite, o general Villarreal anunciou o seguinte ao Presidente:

“Senhora, as Forças Armadas decidiram assumir o controle político do país e você é preso.”

Os conspiradores do golpe, uma vez que controlavam o país inteiro, organizaram um governo ditatorial. Como órgão governamental, eles criaram um Conselho de Comandantes com a participação dos três ramos do Exército, concedendo independência a cada um para agir sem a necessidade de concordar com nada.

O Conselho chamou seu governo como o Processo Nacional de Reorganização ou simplesmente como O Processo.

Primeira Junta Militar do Governo (1976-1980)

O primeiro Conselho Militar foi formado por Jorge Rafael Videla, Emilio Eduardo Massera e Orlando Ramón Agosti. De acordo com as normas estabelecidas, o comando direto deve permanecer nas mãos de um presidente, com poderes executivo, legislativo e judicial. O primeiro eleito, por um período de 5 anos, foi Videla.

As primeiras decisões do Conselho foram dissolver o Congresso Nacional, demitir os membros do Supremo Tribunal e as autoridades provinciais e estabelecer a censura.

Os historiadores apontam que o estágio de Videla como presidente foi o mais sangrento de toda a ditadura. Entre outras coisas, ele é considerado responsável pela chamada “solução final”, que estabeleceu o assassinato dos desaparecidos. Além disso, ele foi responsável pelo início do roubo de crianças.

Um dos eventos que marcaram o período da primeira Junta Militar foi a organização da Copa do Mundo de 1978. Os militares queriam aproveitar o evento esportivo para branquear sua imagem internacional.

No entanto, a repressão continuou e os jornalistas estrangeiros viram como seu trabalho era prejudicado quando queriam reunir informações sobre campos de concentração, centros de tortura e outros assuntos.

Segunda Junta Militar do Governo (1980-1981)

Os membros do segundo Conselho Militar foram Roberto Viola, Armando Lambruschini e Omar Graffigna.

A etapa de Videla terminou em 1980 com uma grande crise econômico-financeira. Da mesma forma, houve diferenças entre os membros do Conselho e entre as Forças Armadas. Por essas razões, Videla disse que seu sucessor seria Roberto Viola, que governaria até 1984.

Viola começou seu mandato decretando uma desvalorização significativa da moeda. Sua intenção era corrigir a herança deixada por Videla, mas acabou causando um aumento significativo nos preços e um aumento na inflação.

Apenas seis meses após o início de sua presidência, já havia vozes pedindo sua remoção. Isso finalmente ocorreu quando Viola foi internado por problemas de saúde. Seu primeiro substituto foi Lacoste, embora Leopoldo Galtieri logo assumisse o cargo.

Terceiro Conselho Militar do Governo (1981-1982)

O próximo Conselho Militar foi formado por Leopoldo Galtieri, Jorge Anaya e Basilio Lami Dozo. O primeiro assumiu o cargo de presidente em 22 de dezembro de 1981 e formou um governo no qual ele introduziu civis em alguns ministérios.

No entanto, a economia do país não melhorou e as medidas tomadas afetaram negativamente a população.

Por seu lado, a oposição começou a se organizar no chamado Multipartidário, composto por uma multidão de partidos e movimentos. Entre os participantes estavam o Partido Comunista, os Socialistas, a Igreja e a CGT, entre muitos outros.

Sob o lema “Pão, Paz e Trabalho”, várias manifestações de trabalhadores foram convocadas, algumas das quais foram violentamente reprimidas. Em Mendoza, por exemplo, uma pessoa foi morta e mais de mil foram presas durante um dos comícios.

O Conselho precisava de uma saída que reduzisse a pressão nas ruas. Três dias após a manifestação de Mendoza, a Argentina entrou em guerra contra a Grã-Bretanha para tentar recuperar as Ilhas Falkland.

Muitos historiadores acreditam que Galtieri procurou uma maneira de a população apoiar o governo em uma guerra por uma causa geralmente compartilhada. No entanto, a derrota acabou causando sua queda.

Quarto Conselho Militar (1982-983)

A última Junta Militar foi composta por Cristino Nicolaides, Rubén Franco e Augusto Jorge Hughes

O presidente eleito foi Reynaldo Benito Bignone, tenente-general que havia sido secretário-geral do Exército e chefe do Colégio Militar. Sua chegada ao poder ocorreu no meio da crise causada pela derrota nas Malvinas.

Bignone começou seu governo removendo as restrições aos partidos políticos. Da mesma forma, ele estabeleceu conversas com o Escritório Multipartidário e, em agosto de 1982, aprovou o estatuto das partes.

A oposição, entretanto, apresentou um plano econômico para melhorar a situação, mas foi rejeitada. Diante disso, o Multipartidário convocou uma manifestação, a “Marcha pela Democracia”. Mais de 100.000 pessoas se reuniram em 16 de dezembro. As forças de segurança reagiram com violência, matando um trabalhador participante.

Quatro meses depois, em 28 de abril de 1983, os ditadores publicaram um relatório chamado ” Documento Final da Junta Militar “. Seu conteúdo era uma justificativa de seus atos ao longo da ditadura.

Retorno à democracia

Por fim, o Conselho convocou eleições para 30 de outubro de 1983. O vencedor foi Raúl Alfonsín, candidato da União Cívica Radical.

Economia

O primeiro responsável pela economia da ditadura foi José Alfredo Martínez de Hoz, que ocupou o ministério até 1981. A Junta concedeu-lhe grande poder, pois seu objetivo era transformar completamente o funcionamento econômico do país.

Políticas liberais

Martínez de la Hoz apresentou seu programa econômico em 2 de abril de 1976. Em princípio, era um programa baseado no liberalismo que buscava impulsionar a livre empresa e aumentar a produção. Da mesma forma, ele prometeu diminuir o papel do Estado na economia.

As primeiras medidas promulgadas procuraram estabilizar o país e foram apoiadas pelo FMI e bancos privados estra
geiros. Um dos primeiros passos foi desvalorizar a moeda e reduzir o déficit do setor público congelando os salários. Da mesma forma, conseguiu obter financiamento externo.

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Na esfera social, Martínez de la Hoz eliminou o direito de greve e reduziu a participação dos empregados no PIB.

Inicialmente, as medidas conseguiram controlar a crise criada após a administração de Rodrigo. O próximo passo foi abrir a economia e liberalizar os mercados financeiros.

Abertura de mercado

Martínez de la Hoz pretendia abrir o mercado interno à concorrência estrangeira. Para isso, reduziu tarifas sobre produtos importados. No entanto, isso afetou bastante a atividade produtiva interna.

Por seu lado, o governo liberalizou a taxa de juros e novos bancos foram autorizados. O Estado, que renunciou aos controles, garantiu depósitos a prazo.

Em 1978, foi estabelecido o chamado “plankta”, uma medida que estabeleceu a desvalorização mensal do peso. O objetivo era controlar a inflação, mas provou um fracasso.

Em vez disso, a medida incentivou uma forte especulação, com grandes somas colocadas no curto prazo, buscando se beneficiar das altas taxas de juros e da garantia estatal sobre o preço de recompra do dólar.

Endividamento

O setor produtivo, em contraste com o setor financeiro, logo caiu em um endividamento brutal. Isso afetou particularmente o setor, que não apenas diminuiu sua produção, mas também sofreu o fechamento de muitas empresas.

Todo o plano de Martínez de Hoz entrou em colapso em 1980. Várias entidades financeiras faliram e o Estado teve que pagar os passivos que possuía.

Crise de 1981

A saída da presidência de Videla, substituída por Viola, também levou à mudança no Ministério da Economia. Naquele ano, no entanto, o colapso atingiu seu pico: o peso desvalorizou 400% e a inflação disparou 100% ao ano. O Estado acabou nacionalizando as dívidas de empresas privadas, agravando a dívida pública.

Apesar de ter apresentado um programa liberal, Martínez de Hoz havia ampliado bastante o papel do Estado na economia. O Conselho Militar não queria perder o controle das empresas públicas e os militares ocupavam seus cargos mais importantes.

O governo também aumentou o investimento público, embora muitas das obras tenham sido realizadas por empresas privadas. No final, foi criado um poderoso grupo de empresas contratadas pelo Estado.

Por outro lado, foram nacionalizadas algumas empresas privadas que enfrentavam dificuldades, o que aumentou ainda mais os gastos públicos.

Consequências da ditadura

Dezenas de milhares de pessoas foram presas, mortas, enviadas para o exílio ou desapareceram. Era um plano estabelecido para eliminar a dissidência interna contra a Junta Militar.

Vários centros de detenção clandestinos foram estabelecidos entre 1976 e 1983, sendo o mais conhecido o da Escola de Mecânica da Marinha (ESMA), em Buenos Aires.

O número de pessoas desaparecidas não foi estabelecido de forma confiável. Os números variam de acordo com as fontes, de 30.000 reportados por organizações de direitos humanos a 8961 casos indicados pelo CONADEP. Por fim, a Subsecretaria de Direitos Humanos garante que existiam 15.000.

Roubo de criança

Dentro das práticas da ditadura, um dos mais cruéis foi o roubo de bebês recém-nascidos. Era uma maneira de acabar com as ideologias que eles consideravam inimigos do país, pois impedia a passagem de idéias de pais para filhos.

Algumas das crianças foram sequestradas junto com seus pais. Oros, cujas mães estavam em centros de detenção, foram roubados assim que nasceram.

O destino desses bebês nem sempre foi o mesmo. Alguns foram vendidos, outros adotados por eles que assassinaram seus pais e o restante abandonado em institutos sem fornecer nenhuma informação sobre sua origem.

Em dezembro de 2017, 126 dessas crianças foram encontradas, capazes de recuperar sua identidade. Estima-se que mais 300 estejam faltando.

Mães da Plaza de Mayo

O primeiro grupo que se opôs à ditadura foi o das mães da Plaza de Mayo. Foram as mães de muitas das vítimas da repressão. Eles começaram a se manifestar em 30 de abril de 1977.

Como toda manifestação era proibida, as mães só se encontraram no Plaza, com lenços de cabeça brancos, e marcharam em círculo.

Voos da Morte

Especialistas estimam que cerca de 5000 pessoas foram vítimas de vôos da morte. Estes consistiram em lançar detidos de aviões em voo durante a sua transferência de centros de detenção clandestinos.

As investigações mostraram que, em muitas ocasiões, um padre estava viajando nesses aviões para dar às vítimas extrema unção.

Embaraço contra minorias

A ideologia dos militares que deram o golpe de estado não aceitou nenhum desvio do que eles consideravam “normalidade”. Isso afetou todas as minorias, de étnica a sexual. Dessa forma, suas políticas repressivas afetaram grupos como homossexuais, judeus, transexuais etc.

As autoridades vieram a formar comandos especiais para perseguir essas pessoas. Um deles era o Comando Condor, destinado a prender homossexuais.

O anti-semitismo também foi muito comum como fator de detenção e repressão, como mostrou o relatório Never Again. Algo semelhante aconteceu com as Testemunhas de Jeová, que sofriam torturas frequentes em centros de detenção.

Acórdãos

Após o retorno da democracia à Argentina, as autoridades julgaram e condenaram alguns dos responsáveis ​​pelo terrorismo de Estado. O governo Alfonsin promoveu o chamado Julgamento aos Conselhos, embora mais tarde tenha cedido às pressões dos setores militares e promulgado as leis da Due Obedience e do Final Point.

Essas duas últimas regras extinguiram ações criminosas contra os gerentes de nível médio, independentemente de seu grau de participação na guerra suja.

Carlos Menem, presidente em 1990, perdoou Videla e Massera, que haviam sido condenados à prisão perpétua. Os dois ex-militares permaneceram em prisão domiciliar por acusações não incluídas no perdão, como o roubo de bebês.

Em 15 de abril de 1998, as leis de End Point e Due Obedience foram revogadas, o que foi corroborado em 2 de setembro de 2003.

Jorge Videla passou por um longo processo de julgamento que terminou com sua prisão e subsequente morte na prisão em 2013.

Referências

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