- Expoente fracionário an/d é equivalente a raiz e potência: √[d]{an} ou (√[d]{a})n.
- Cuidados com domínio: índice par exige base não negativa; expoente negativo pede inverso.
- Decimais viram frações (fração geratriz) e seguem as mesmas regras dos expoentes racionais.
- Escolher a ordem (raiz antes ou depois) simplifica o cálculo e reduz erros.
Quando surge uma expressão do tipo an/d, muita gente trava, mas a ideia por trás é simples: um expoente fracionário representa uma forma compacta de escrever uma raiz combinada com uma potência. Se você já domina potências inteiras, basta dar um passo a mais para dominar também as frações no expoente.
Em termos práticos, isso quer dizer que podemos reescrever a potência com fração no expoente usando radiciação: an/d equivale à raiz d-ésima de a elevado a n. Essa ponte entre potência e raiz é o que nos permite calcular resultados de maneira organizada, sem sustos e com total controle sobre sinais, domínio e simplificações úteis.
O que é uma potência com expoente fracionário
Chamamos de potência fracionária a expressão em que a base é um número real e o expoente é uma fração. De forma geral, an/d é uma potência com expoente racional, em que n é o numerador (inteiro) e d é o denominador (inteiro positivo). Um exemplo concreto bastante comum é b3/2: aqui a base é b e o expoente é 3/2; portanto, estamos lidando com uma potência fracionária.
Há duas leituras equivalentes que você pode usar de acordo com o que for mais conveniente: an/d = √[d]{an} = (√[d]{a})n. Em muitas situações, extrair a raiz primeiro simplifica o cálculo; em outras, elevar a potência antes pode ser mais direto. A escolha da ordem não altera o resultado quando a operação é válida no conjunto dos números reais.
É importante também prestar atenção ao domínio. Quando o denominador d é par, a raiz d-ésima de um número negativo não é um número real, logo √[d]{a} só faz sentido real se a ≥ 0. Por outro lado, quando d é ímpar, a raiz de um número negativo existe no conjunto real. Assim, por exemplo, (−8)1/3 = −2, já que (−2)3 = −8.
Vale frisar que “não pare por aqui — tem mais logo abaixo” é uma frase que você pode dizer a si mesmo sempre que se deparar com um expoente diferente: quase sempre existe uma maneira de reescrever a expressão que deixa a conta mais amigável, especialmente quando conseguimos reconhecer potências perfeitas e raízes exatas.
Em resumo conceitual, para resolver uma potência com expoente fracionário, a ferramenta-chave é a radiciação: transformamos o expoente fracionário em uma raiz apropriada e calculamos passo a passo. Isso alinha potência e raiz como operações inversas, abrindo caminho para generalizações e para a leitura correta dos resultados.
Como converter frações em notação exponencial passo a passo

Antes de mergulhar nos expoentes fracionários, vale relembrar a ideia de potência inteira. Resolver uma potência sem frações costuma ser direto: multiplicamos a base por ela mesma tantas vezes quanto indica o expoente. Por exemplo, 35 significa 3 × 3 × 3 × 3 × 3, que dá 243. Essa é a base intuitiva para entendermos casos mais gerais.
Outra lembrança útil: expoente negativo não é bicho de sete cabeças. A regra é aplicar a potência no inverso da base: a−k = 1/ak, com a ≠ 0. Exemplo rápido: 2−3 = 1/23 = 1/8. Essa regra continuará valendo quando o expoente for uma fração com sinal negativo, como veremos adiante.
Agora, o que acontece quando o expoente é uma fração ou um número decimal? Nos dois casos, podemos “voltar” ao mundo das raízes. Para expoente fracionário n/d, a conversão é direta; para expoente decimal, transformamos o decimal em fração (com ajuda da fração geratriz) e seguimos a mesma lógica. Ou seja, converter frações em notação exponencial é, essencialmente, reescrever a expressão de forma equivalente e mais calculável.
Considere uma potência em que a ∈ ℝ e n, d ∈ ℤ com d > 0. Se tivermos an/d, podemos adotar duas leituras operacionais: an/d = √[d]{an} ou an/d = (√[d]{a})n. Ambas são corretas; escolha a que gerar números mais fáceis em cada etapa.
Para orientar a prática, veja um roteiro de cálculo que costuma funcionar bem no dia a dia:
- Identifique o numerador e o denominador do expoente racional. Em an/d, n é a potência e d é o índice da raiz.
- Reescreva a expressão como raiz e potência em sequência: √[d]{an} ou (√[d]{a})n.
- Se possível, simplifique antes: fatorize a base (por exemplo, 16 = 24, 81 = 34, 27 = 33) para identificar potências perfeitas e facilitar a extração de raiz.
- Preste atenção aos sinais e ao domínio: se o índice da raiz for par, a base deve ser ≥ 0 para permanecermos no conjunto dos reais.
- Se o expoente for negativo, aplique a regra do inverso: a−n/d = 1/an/d, e então calcule an/d normalmente.
Em várias fontes você pode encontrar o enunciado com letras diferentes, como “dada uma potência em que a é real, e x e y são inteiros”. A ideia é a mesma: o expoente racional é um número que pode ser escrito como fração de dois inteiros, e as regras de potência continuam valendo com os devidos cuidados.
Se o expoente vier em formato decimal, o caminho é trocar o decimal por uma fração equivalente. Por exemplo, 0,5 = 1/2 e 0,75 = 3/4. Mesmo quando o decimal não é uma dízima periódica, ainda é possível usar a lógica da fração geratriz (escrevendo o número como um quociente de inteiros) para, então, aplicar as mesmas regras dos expoentes racionais.
Uma dica prática valiosa: sempre que der, tente extrair a raiz primeiro. Por exemplo, em 163/4, a raiz quarta de 16 é 2, e 23 = 8, o que é bem mais simples do que elevar 16 à terceira potência e depois extrair a raiz quarta. Em outras situações, elevar primeiro pode ser melhor, como em 34/2 = √(34) = √81 = 9. O poder está em escolher a ordem estrategicamente.
Também é importante reconhecer que nem sempre o resultado será um número inteiro. Dependendo da base e do expoente, o valor pode ser racional não inteiro ou até irracional. Não há problema nisso: o objetivo é encontrar a forma mais simples e correta, e não forçar números “bonitos” quando eles não existem.
Exemplos resolvidos detalhados

Vamos agora praticar em situações variadas para consolidar a técnica. Aqui, além dos expoentes fracionários, vamos tocar em expoentes decimais (convertidos em fração) e em casos com sinal negativo. Se quiser, faça uma pausa, tente resolver e, em seguida confira a resolução passo a passo.
1º exemplo: 82/3. Podemos optar por (√[3]{8})2. A raiz cúbica de 8 é 2; então, 22 = 4. Portanto, 82/3 = 4. Se preferíssemos √[3]{82} = √[3]{64}, também chegaríamos a 4.
2º exemplo: 274/3. Usando (√[3]{27})4, obtemos 34 = 81, pois a raiz cúbica de 27 é 3. Logo, 274/3 = 81. Essa estratégia explora o fato de que 27 é potência perfeita de 3.
3º exemplo: 163/4. Pela leitura (√[4]{16})3, temos 23 = 8. Se fizermos √[4]{163}, lidamos com 4096; depois, extrair a raiz quarta nos leva também a 8. Portanto, 163/4 = 8.
4º exemplo: 813/2. Escolhendo √(81)3, obtemos 93 = 729. Assim, 813/2 = 729. Essa conta fica direta porque a raiz quadrada de 81 é exata.
Até aqui, lidamos com expoentes fracionários “limpos”. Agora, vamos encaixar a lembrança de potências inteiras para manter o repertório completo: 35 = 3 × 3 × 3 × 3 × 3 = 243, como discutido antes. E, se houvesse expoente negativo, por exemplo 5−2, faríamos 1/52 = 1/25.
5º exemplo (expoente decimal): 90,5. Sabendo que 0,5 = 1/2, reescrevemos como 91/2 = √9 = 3. Portanto, 90,5 = 3. Esse caso é o clássico “raiz quadrada” sob forma exponencial.
6º exemplo (expoente decimal): 160,75. Como 0,75 = 3/4, temos 163/4. Já vimos acima que (√[4]{16})3 = 23 = 8. Assim, 160,75 = 8. A conversão do decimal para fração simplifica imediatamente o cálculo.
Vamos misturar agora sinal e fração no expoente para treinar a regra do inverso. Considere 64−2/3. Primeiro calculamos 642/3 e depois invertemos: (√[3]{64})2 = 42 = 16. Logo, 64−2/3 = 1/16. Em notação, 64−2/3 = 1/16. A ordem de raciocínio se mantém consistente: tratamos o expoente fracionário e, ao final, aplicamos o sinal negativo como inversão.
Como lidar com bases negativas? Se o denominador do expoente for ímpar, conseguimos permanecer no conjunto dos reais. Veja (−8)2/3: primeiro extraímos a raiz cúbica (índice 3 é ímpar). Temos √[3]{−8} = −2. Em seguida, elevamos ao quadrado: (−2)2 = 4. Portanto, (−8)2/3 = 4. Note que, se o denominador fosse par, como 1/2, não poderíamos permanecer no campo real: (−8)1/2 não tem valor real.
Outro exemplo útil: 323/5. Escrevendo como (√[5]{32})3, temos √[5]{32} = 2 (já que 25 = 32). Depois, 23 = 8. Assim, 323/5 = 8. Quando reconhecemos a base como potência perfeita, o cálculo flui naturalmente.
E mais um caso comum: 1251/3. Essa é a raiz cúbica de 125, que é 5, pois 53 = 125. Portanto, 1251/3 = 5. Se o expoente fosse 2/3, ficaríamos com (√[3]{125})2 = 52 = 25.
Quando a base não é uma potência tão “redonda”, ainda conseguimos avançar. Por exemplo, 181/2 = √18. Podemos simplificar a raiz: 18 = 9 × 2, então √18 = √9 × √2 = 3√2. Assim, 181/2 = 3√2, um número irracional. Não há problema nenhum: é a forma exata do resultado.
Se for preciso combinar potência inteira com fracionária, a regra geral de potências ainda vale. Por exemplo, 91 + 1/2 = 91 · 91/2 = 9 · √9 = 9 · 3 = 27. De modo análogo, 32 + 3/2 = 32 · 33/2. Ao manipular expoentes, soma de expoentes com a mesma base se traduz em produto das potências, desde que a base seja a mesma e as operações sejam válidas.
Para fechar este bloco com uma variação, considere 10−1/2. Primeiro, 101/2 = √10. Em seguida, aplicamos o sinal negativo: 10−1/2 = 1/√10. Se preferir racionalizar, multiplique numerador e denominador por √10 para obter √10/10. De qualquer modo, 10−1/2 = 1/√10.
Quando o expoente decimal não é tão amigável, como 0,2, ainda dá para converter: 0,2 = 1/5. Então, 2430,2 = 2431/5 = √[5]{243}. Sabendo que 243 = 35, obtemos √[5]{35} = 3. Logo, 2430,2 = 3. Essa mudança de perspectiva costuma simplificar muito as contas.
Outro cuidado prático: se você tiver algo como (√[4]{a})2, isso equivale a a2/4 = a1/2. Em geral, (√[d]{a})n = an/d. Essa ida e volta entre raiz e expoente fracionário é a chave para montar e desmontar expressões até que elas fiquem do seu jeito.
Para quem gosta de organizar o estudo, uma boa prática é montar cartões com pares equivalentes, por exemplo: 161/2 ↔ √16 ↔ 4; 271/3 ↔ √[3]{27} ↔ 3; 813/2 ↔ (√81)3 ↔ 93 ↔ 729. Assim, o cérebro passa a reconhecer padrões e você ganha velocidade e segurança.
Se topar um enunciado com a estrutura “seja a real e x, y inteiros”, não se assuste: estão apenas fixando que o expoente é racional e que, por isso, podemos operar com as mesmas leis de potências — com o cuidado adicional do domínio nas raízes de índice par.
Entre erros comuns estão: esquecer de conferir o domínio (especialmente com bases negativas e índice par), ignorar o sinal negativo do expoente (deixando de inverter a base), ou tentar somar/ subtrair bases diferentes como se as regras de expoentes se aplicassem da mesma forma. Mantenha sempre a verificação: mesma base permite somar expoentes; expoente negativo pede inverso; índice par exige base não negativa.
À medida que você pratica, vai perceber que esse tópico abre portas para muitos outros conteúdos, como logaritmos e funções exponenciais. E a mesma lógica de reescrita vale por lá também: transformar para uma forma equivalente é uma estratégia poderosa. Quanto mais padrões você reconhecer (34 = 81, 25 = 32, 53 = 125 etc.), mais fluido fica o cálculo de expoentes fracionários.
Se você souber que an/d pode ser lido como raiz d-ésima seguida de potência n (ou o contrário), terá total controle sobre a expressão. Use essa liberdade com inteligência — escolher a ordem certa muitas vezes economiza linhas e evita erros. Com esse mapa em mãos, converter frações em notação exponencial deixa de ser um mistério e vira rotina.
