Teoria da dependência: antecedentes, premissas

A Teoria da Dependência é uma abordagem crítica ao desenvolvimento econômico e social dos países periféricos em relação aos países centrais. Surgida na década de 1960, como uma resposta às teorias do desenvolvimento dominantes na época, a Teoria da Dependência destaca a relação desigual de poder entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, que resulta em uma dependência econômica e política dos últimos em relação aos primeiros. Suas premissas fundamentais incluem a crítica ao modelo de desenvolvimento baseado na industrialização e na exportação de matérias-primas, a importância do capital estrangeiro e das multinacionais na exploração dos recursos dos países periféricos, e a necessidade de uma ruptura com as estruturas de dominação e exploração existentes. A Teoria da Dependência continua sendo uma importante referência para a compreensão das desigualdades globais e das dinâmicas de poder no sistema econômico mundial.

Os princípios e argumentos da teoria da dependência na economia internacional.

A teoria da dependência na economia internacional surge como uma crítica ao modelo de desenvolvimento proposto pela teoria do desenvolvimento econômico. Nesse sentido, a teoria da dependência busca analisar as relações de poder e de dominação entre os países centrais e periféricos, destacando a dependência econômica dos últimos em relação aos primeiros.

Os principais antecedentes da teoria da dependência estão relacionados à crise do modelo de substituição de importações na América Latina, que não conseguiu promover um desenvolvimento sustentável e autônomo nos países da região. A partir dessa crise, surgiram teóricos como Raul Prebisch e Celso Furtado, que começaram a questionar as bases do desenvolvimento econômico e a buscar novas abordagens.

As premissas da teoria da dependência destacam a desigualdade estrutural entre os países centrais e periféricos, a subordinação dos últimos aos interesses dos primeiros, a concentração de poder econômico e a exploração dos recursos naturais e da mão de obra barata dos países periféricos. Além disso, a teoria da dependência ressalta a importância de políticas econômicas voltadas para a promoção da industrialização e da autonomia dos países periféricos.

Os argumentos da teoria da dependência enfatizam a necessidade de uma ruptura com o modelo econômico vigente, que perpetua a dependência dos países periféricos em relação aos países centrais. Para isso, propõe-se a adoção de políticas de desenvolvimento que visem à redução das desigualdades econômicas e sociais, à diversificação da base produtiva e à valorização dos recursos endógenos dos países periféricos.

Em suma, a teoria da dependência na economia internacional busca compreender e superar as relações assimétricas de poder e de dependência que caracterizam o sistema econômico global, defendendo a promoção de um desenvolvimento mais justo e equitativo para todos os países.

Origem e conceitos fundamentais da teoria da dependência na América Latina.

A teoria da dependência surgiu na década de 1960 como uma crítica ao desenvolvimentismo, que defendia a industrialização por substituição de importações como forma de desenvolvimento econômico na América Latina. Os estudiosos da teoria da dependência, como Raul Prebisch e Celso Furtado, argumentavam que a dependência econômica dos países latino-americanos em relação aos países desenvolvidos era um obstáculo ao seu desenvolvimento.

Os conceitos fundamentais da teoria da dependência incluem a ideia de que a economia dos países latino-americanos está integrada de forma desigual na economia global, com uma divisão internacional do trabalho que beneficia os países desenvolvidos em detrimento dos países em desenvolvimento. Além disso, a dependência econômica é vista como um processo estrutural que perpetua a desigualdade e impede o desenvolvimento autônomo dos países latino-americanos.

Outro conceito chave da teoria da dependência é a noção de que as relações de dependência são resultado de uma história de colonização e exploração, que criou estruturas econômicas e políticas que favorecem os interesses dos países dominantes. A dependência é vista como um fenômeno multidimensional, que abrange não apenas a economia, mas também a política, a cultura e as relações de poder.

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Ao destacar a importância da história, da estrutura e das relações de poder na análise da dependência, a teoria da dependência oferece uma abordagem crítica e contextualizada para compreender os desafios de desenvolvimento enfrentados pela América Latina.

Entendendo a teoria do subdesenvolvimento e da dependência: conceitos e abordagens fundamentais.

A teoria da dependência é uma abordagem crítica ao estudo do desenvolvimento econômico dos países periféricos, que se opõe à visão tradicional de modernização. Ela surgiu em meados dos anos 1960, influenciada por pensadores latino-americanos como Raul Prebisch e Celso Furtado, que buscavam entender as relações de poder e dominação entre os países do centro e da periferia.

Uma das premissas fundamentais da teoria da dependência é a noção de que o subdesenvolvimento não é simplesmente um estágio a ser superado rumo ao desenvolvimento, mas sim um processo estrutural e historicamente construído. Os países periféricos são vistos como dependentes do sistema capitalista global, que os mantém em uma posição de subordinação econômica e política.

Essa relação de dependência é sustentada por mecanismos como a divisão internacional do trabalho, a transferência de excedentes econômicos para os países centrais e a imposição de políticas econômicas desfavoráveis aos interesses dos países periféricos. Esses fatores levam a um ciclo de pobreza e desigualdade que perpetua o subdesenvolvimento.

Para os teóricos da dependência, a superação do subdesenvolvimento requer uma ruptura com as estruturas de dominação e a busca por alternativas de desenvolvimento autônomo e soberano. Isso implica na construção de políticas econômicas e sociais que promovam a industrialização, a redistribuição de renda e a integração regional, visando a redução da dependência externa e a promoção da igualdade e da justiça social.

Seu legado continua a influenciar os debates contemporâneos sobre desenvolvimento e desigualdade, contribuindo para uma análise mais profunda e abrangente das dinâmicas globais de poder e dominação.

A interligação entre a teoria da dependência e o fenômeno imperialista na geopolítica mundial.

A Teoria da Dependência surgiu na América Latina na década de 1960 como uma crítica ao modelo de desenvolvimento econômico proposto pelo pensamento neoclássico. A partir da análise das relações de dependência entre países centrais e periféricos, os teóricos da dependência argumentam que o desenvolvimento de um país está condicionado pela sua inserção na economia global, marcada pela desigualdade e pela exploração.

Os antecedentes da Teoria da Dependência remontam às obras de pensadores como Raúl Prebisch e Celso Furtado, que já apontavam para a necessidade de uma abordagem crítica em relação ao desenvolvimento econômico dos países periféricos. As premissas da teoria destacam a relação de subordinação dos países periféricos aos interesses dos países centrais, a concentração de riqueza e poder nas mãos de alguns poucos atores globais, e a manutenção de estruturas de exploração e dominação.

Essa relação de dependência se manifesta de diversas formas na geopolítica mundial, sendo o fenômeno imperialista uma das expressões mais evidentes. O imperialismo consiste na expansão do poder político e econômico de uma nação sobre outras, visando o controle de recursos e mercados para garantir sua hegemonia. Nesse contexto, os países periféricos são frequentemente explorados e subjugados pelos países centrais, que buscam manter sua posição dominante a todo custo.

A interligação entre a Teoria da Dependência e o fenômeno imperialista na geopolítica mundial revela as dinâmicas de poder e desigualdade que permeiam as relações internacionais. Enquanto os países centrais se beneficiam da exploração dos países periféricos, estes últimos enfrentam obstáculos para o seu desenvolvimento autônomo e sustentável. Assim, a compreensão dessas interações é essencial para repensar as estruturas de poder e promover uma ordem global mais justa e equitativa.

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Teoria da dependência: antecedentes, premissas

A teoria da dependência baseia-se no modelo de centro-periferia, que afirma que a pobreza de certos países (periféricos) se deve a uma posição histórica de desvantagem em relação aos países mais poderosos (os do centro), de modo que segundos foram enriquecidos às custas do primeiro.

Nas décadas de 50 e 60, vários cientistas sociais e intelectuais latino-americanos desenvolveram uma teoria para responder ao subdesenvolvimento sofrido por seu território.

Teoria da dependência: antecedentes, premissas 1

Tio Sam ensinando crianças nas Filipinas, Porto Rico, Havaí e Cuba.

Antecedentes

Darwinismo social e colonialismo

Os primeiros sintomas do modelo centro-periferia no subcontinente ocorreram em meados do século XIX, com a criação dos Estados Nacionais, por meio do chamado darwinismo social .

Esse movimento levou à promoção de modelos de modernização implantados na Europa, totalmente coloniais e escravos, na América Latina .

No entanto, os resultados socioculturais nesse território foram defeituosos, resultando em uma modernidade parcial e subdesenvolvida em todo o subcontinente.

A Grande Depressão

Em outubro de 1929, a queda da Bolsa de Valores de Wall Street, conhecida como o crack de 29, levou à grande crise do capitalismo da década de 1930, que rapidamente se espalhou por quase todos os países do mundo. Esse período foi chamado de Grande Depressão e durou até os anos da Segunda Guerra Mundial .

Essa grande crise causou uma série de teorias que questionavam o funcionamento clássico da economia capitalista. Isso fez com que os países latino-americanos começassem a levantar idéias de natureza mais marxista, defendendo uma maior intervenção estatal na economia.

CEPAL e teoria da dependência

Após a Segunda Guerra Mundial, as Nações Unidas criaram uma série de comissões econômicas para estimular o crescimento e o desenvolvimento dos países menos desenvolvidos. Uma delas foi a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), criada em 1948.

A CEPAL, localizada em Santiago, Chile, começou a fazer estratégias seguindo a teoria clássica do desenvolvimento. No entanto, alguns economistas e sociólogos membros começaram a notar como a América Latina tinha circunstâncias socioeconômicas que impediam seu desenvolvimento.

Foi em 1949, quando o argentino Raúl Prebisch (membro da CEPAL) e o alemão Hans Singer publicaram dois documentos que deram origem ao que seria chamado de teoria da dependência.

Neles, os autores começaram observando a existência de países centrais e periféricos, onde os primeiros recebem matérias-primas (bens primários) dos últimos para produzir bens secundários.

Dizem que esta situação favorece os países do centro, que têm maiores benefícios; e prejudica os da periferia, que são aqueles que têm retornos muito mais baixos e piores condições comerciais (Cypher & Dietz, 2009).

A própria CEPAL recebeu a teoria, pois possuía os intelectuais latino-americanos mais reconhecidos da época. O mais importante do projeto, além de Prebisch, foram os brasileiros Theotonio Dos Santos, Ruy Mauro Marini e Celso Furtado, e o alemão André Gunder Frank.

Premissas básicas da teoria

Em sua forma mais extrema, a teoria da dependência marcou raízes marxistas. Veja o mundo da perspectiva da globalização como uma forma de exploração de certos países sobre outros, ricos contra os pobres.

Além disso, defende um olhar “interior” para alcançar o desenvolvimento: maior desempenho estatal na economia, maiores barreiras ao comércio e nacionalização das principais indústrias.

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As premissas nas quais a teoria da dependência se baseia são as seguintes (Blomström & Ente, 1990):

  1. Há uma desigualdade nas relações de poder, que é decisiva na deterioração das condições comerciais e, consequentemente, na manutenção do estado de dependência dos países periféricos.
  2. Os países periféricos fornecem aos países centrais matérias-primas, mão-de-obra barata e, em troca, recebem tecnologia obsoleta. Os países centrais precisam desse sistema para poder manter o nível de desenvolvimento e bem-estar de que desfrutam.
  3. Os países centrais estão interessados ​​em perpetuar o estado de dependência, não apenas por razões econômicas, mas também por políticas, mídia, educação, cultura, esportes e outros campos relacionados ao desenvolvimento.
  4. Os países centrais estão dispostos a reprimir qualquer tentativa dos países periféricos de mudar esse sistema, seja por meio de sanções econômicas ou pela força.

Raúl Prebisch

Raúl Prebisch era economista argentino membro da CEPAL, conhecido sobretudo por suas contribuições ao chamado estruturalismo econômico e por sua tese de Prebsich-Singer, que deu origem à teoria da dependência.

Prebisch argumentou que havia uma tendência a piorar as condições comerciais nas relações entre países poderosos (centro) e países fracos (periferia), beneficiando os primeiros e prejudicando os segundos.

Segundo ele, o caminho para esses países fracos se desenvolverem com sucesso foi através da industrialização e cooperação econômica entre os países do mesmo grupo periférico (Dosman, 2008).

Desse modo, e em parte graças ao seu papel de secretário executivo da CEPAL, foram realizadas reformas nas décadas de 50 e 60, focadas principalmente na industrialização para substituição de importações (ISI) (CEPAL, sd).

André Gunder Frank

André Gunder Frank foi um economista, historiador e sociólogo germano-americano da ideologia neo-marxista. Muito influenciado pela revolução cubana, na década de 1960, ele liderou o ramo mais radical da teoria, juntando-se a Dos Santos e Marini, e em contraste com as idéias mais “desenvolvimentistas” de outros membros, como Prebisch ou Furtado.

Frank afirmou que a existência de relações de dependência entre países na economia mundial era um reflexo das relações estruturais dentro dos próprios países e comunidades (Frank, 1967).

Ele argumentou que, em geral, a pobreza é resultado da estrutura social, da exploração do trabalho, da concentração de renda e do mercado de trabalho de cada país.

O declínio da teoria da dependência

Em 1973, o Chile sofreu um golpe de estado que resultou em um colapso do pensamento da CEPAL e causou a perda de influência do projeto ao longo do tempo.

Finalmente, com a queda do bloco soviético na década de 1990, os intelectuais “dependentes” que ainda estavam vivos (Prebisch morreu em 86) seguiram caminhos diferentes.

Alguns mais radicais, como Dos Santos, trabalharam no desenvolvimento de teorias anti-globalização, outros, como Marini, se dedicaram ao campo acadêmico, e outros, como Frank e Furtado, continuaram a trabalhar em torno da política econômica mundial.

Referências

  1. Blomström, M. & Ente, B. (1990). A teoria do desenvolvimento de transição. Cidade do México: Fundo de Cultura Econômica.
  2. CEPAL (sf). www.cepal.org . Obtido em https://www.cepal.org/es/historia-de-la-cepal
  3. Cypher, JM e Dietz, JL (2009). O processo de desenvolvimento econômico. Londres e Nova York: Routledge.
  4. Dosman, EJ (2008). A vida e os tempos de Raul Prebisch, 1901-1986. Montreal: McGill-Queen’s University Press. pp. 396-397.
  5. Frank, AG (1967). Capitalismo e subdesenvolvimento na América Latina. Nova York: Monthly Review Press. Obtido em Clacso.org.

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