Como representar frações graficamente: guia completo e exemplos

Última actualización: dezembro 9, 2025
  • Frações representam partes de um todo e podem ser entendidas como resultado de divisões em partes iguais, ligando numerador, denominador e situações reais.
  • Representações gráficas em figuras e na reta numérica tornam visíveis conceitos como tipos de frações, equivalência, comparação e operações básicas.
  • Frações equivalentes e simplificação permitem escrever a mesma quantidade de formas diferentes, facilitando cálculos e a compreensão de classes de equivalência.
  • Atividades práticas com materiais concretos e problemas contextualizados são essenciais para desenvolver as habilidades previstas na BNCC ligadas às frações.

Representação gráfica de frações

Entender como representar frações graficamente é uma das chaves para perder o medo da matemática e conseguir explicar esse conteúdo com clareza para crianças e adolescentes. Quando o aluno vê a fração só como dois números separados por um traço, tudo parece muito abstrato; mas, a partir do momento em que enxerga pedaços de pizza, barras coloridas, retângulos divididos ou pontos na reta numérica, o conceito começa a fazer sentido de verdade.

Neste artigo, vamos juntar a visão da didática escolar com o rigor matemático para mostrar, em detalhes, o que são frações, como ler e classificar cada tipo, como representá-las visualmente (em figuras e na reta numérica) e como trabalhar com operações e atividades práticas em sala de aula. Tudo em linguagem acessível, mas sem perder a profundidade, para que você possa estudar, revisar ou ensinar frações com segurança.

O que é uma fração e como ela surge no dia a dia

Uma fração é um número racional que indica partes de um inteiro ou o resultado de uma divisão entre dois números inteiros. Sempre que você divide algo em partes iguais e pega algumas dessas partes, está trabalhando com frações: um pedaço de bolo, um terço do salário, três quartos de um terreno, e assim por diante.

A notação padrão de uma fração é a/b, em que o número de cima (a) é o numerador e o número de baixo (b) é o denominador. O numerador mostra quantas partes estão sendo consideradas e o denominador mostra em quantas partes iguais o todo foi dividido. Assim, em 3/4, temos 3 partes consideradas de um total de 4 partes iguais.

Historicamente, o uso de frações nasceu de necessidades bem concretas, como a medição de terras no Egito antigo. Ao usar cordas para medir terrenos, as pessoas percebiam que nem sempre cabia um número inteiro de unidades de medida no lado do terreno; então, passaram a considerar pedaços dessa unidade, criando, na prática, os números fracionários.

No conjunto dos números, as frações fazem parte dos números racionais não negativos (Q+), que incluem tanto os inteiros (0, 1, 2, 3, …) quanto as frações positivas (1/2, 3/4, 5/6, …). Ao representar esses números com frações, conseguimos descrever situações em que não estamos lidando com quantidades inteiras, mas com porções.

Uma interpretação muito útil em sala de aula é sempre associar fração a “partes iguais de um todo”: dividir uma barra de chocolate em 4 pedaços do mesmo tamanho, repartir dinheiro entre filhos de forma igualitária, distribuir frutas igualmente em cestas ou marcar distâncias em uma régua ou em uma fita métrica.

Exemplo de frações com figuras

Numerador, denominador e leitura correta das frações

Os dois termos de uma fração têm significados bem definidos. O numerador representa quantas partes estamos tomando e o denominador indica em quantas partes o inteiro foi dividido. Em linguagem de divisão, o numerador funciona como dividendo e o denominador como divisor, sempre lembrando que o denominador não pode ser zero.

A leitura da fração depende principalmente do denominador. O numerador é lido normalmente em forma cardinal (um, dois, três, quatro…), e o denominador é lido em forma fracionária (meio, terço, quarto, quinto, etc.). Assim, 1/2 é lido “um meio”, 3/4 é lido “três quartos” e 5/8 é lido “cinco oitavos”.

Para denominadores entre 2 e 9, usamos nomes específicos: meio (1/2), terço (1/3), quarto (1/4), quinto (1/5), sexto (1/6), sétimo (1/7), oitavo (1/8) e nono (1/9). Quando o denominador é maior que 10 e não é múltiplo de 10, é comum acrescentar a palavra “avos”: por exemplo, 1/11 é “um onze avos”, 1/17 é “um dezessete avos”.

Quando o denominador é múltiplo de 10, temos também nomes específicos muito usados em contexto de medidas e porcentagens: 1/10 é “um décimo”, 1/100 é “um centésimo”, 1/1000 é “um milésimo”. Para denominadores como 1/20, 1/30 ou 1/40, podemos falar “um vinte avos (vigésimo)”, “um trinta avos (trigésimo)” e assim por diante.

No cotidiano escolar, é comum os alunos se confundirem, acreditando que frações com denominador maior representam pedaços maiores. É importante reforçar visualmente que, quanto maior o denominador, menor é cada parte: um pedaço de pizza cortada em 8 partes é menor do que um pedaço da mesma pizza cortada em 4 partes.

Principais tipos de frações e seus significados

As frações podem ser classificadas de acordo com a relação entre numerador e denominador e com o tipo de quantidade que representam. Trabalhar essa classificação com exemplos e desenhos ajuda a fixar o conceito e evita confusões mais à frente, especialmente ao comparar ou operar frações. Veja também o artigo sobre frações: tipos, exemplos e exercícios.

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Fração própria é aquela em que o numerador é menor que o denominador, representando uma quantidade menor que 1 inteiro. Por exemplo, 1/2, 3/4 ou 12/100 são frações próprias: estamos pegando menos partes do que o total disponível. Visualmente, vemos apenas uma parte sombreada do todo.

Fração imprópria é a fração em que o numerador é maior que o denominador, como 9/8, 7/2 ou 25/12. Nesse caso, a quantidade representada é maior do que 1 inteiro, porque estamos tomando mais partes do que as que formam um único todo. Essa ideia é muito útil, por exemplo, ao trabalhar quantidades acumuladas em receitas ou medidas.

Fração aparente é uma fração que, na prática, representa um número inteiro, porque o numerador é múltiplo do denominador. Exemplos típicos são 2/2, 8/4 e 9/3: ao fazer a divisão, obtemos 1, 2 e 3, respectivamente. Frações como 0/3 ou 0/8 também são consideradas aparentes, pois o resultado é o número inteiro 0.

Frações equivalentes são diferentes maneiras de escrever a mesma quantidade fracionária. Se multiplicarmos numerador e denominador de 1/2 por 2, obtemos 2/4; multiplicando por 3, obtemos 3/6; por 4, obtemos 4/8. Todas essas representações correspondem à mesma parte do todo, como se vê claramente ao colorir a mesma porção em retângulos divididos em 2, 4, 6 ou 8 partes.

Fração irredutível é a forma mais simples de uma fração, aquela em que numerador e denominador não possuem nenhum divisor comum além de 1. Por exemplo, 12/15 pode ser simplificada dividindo ambos os termos por 3, resultando em 4/5. Nesse caso, 4/5 é irredutível, pois não existe outro número (diferente de 1) que divida simultaneamente 4 e 5.

Fração mista, ou número misto, é uma maneira de escrever, de forma mais intuitiva, frações impróprias, separando a parte inteira da parte fracionária. Assim, 3 4/9 significa 3 inteiros mais 4/9; 9 3/4 e 2 1/3 seguem a mesma lógica. Transformar frações impróprias em números mistos e vice-versa é um procedimento importante na resolução de problemas.

Representação gráfica de frações em figuras

A representação gráfica de frações transforma números em imagens, permitindo que o aluno literalmente enxergue o que o numerador e o denominador significam. Para isso, é comum usar figuras geométricas (retângulos, círculos, barras), objetos do cotidiano (pizza, chocolate, frutas), tabelas e diagramas.

Uma forma clássica é desenhar um retângulo ou um círculo e dividi-lo em partes iguais: duas, três, quatro, seis, oito… Em seguida, sombreamos tantas partes quanto indica o numerador. Se desenharmos um retângulo dividido em quatro colunas iguais e colorirmos três delas, teremos uma representação visual de 3/4: três partes marcadas de um total de quatro.

Para destacar frações equivalentes, podemos usar figuras com subdivisões diferentes que representem a mesma área colorida. Por exemplo, um retângulo inteiro colorido representa 1; um retângulo dividido em 2 partes com 1 parte colorida mostra 1/2; outro, dividido em 4 partes com 2 coloridas, representa 2/4; um terceiro, com 6 partes e 3 coloridas, representa 3/6; um quarto, com 8 partes, mostra 4/8. O aluno percebe que a área em destaque é a mesma, mesmo que a fração escrita mude.

Frações próprias e impróprias também podem ser mostradas em blocos. Em 3/4, desenhamos apenas um bloco (um inteiro) dividido em 4 partes, com 3 partes coloridas. Já em 5/4, precisamos de mais de um inteiro: desenhamos um primeiro retângulo dividido em 4, com as 4 partes coloridas, e um segundo retângulo com apenas 1 parte (de 4) colorida. Assim, o estudante vê que 5/4 é maior do que 1 inteiro.

Frações aparentes se tornam claras pela representação em blocos completos. Se representarmos 8/4 em um retângulo dividido em 4 partes e outro retângulo também dividido em 4 partes, com todas as partes coloridas, veremos dois inteiros. A fração “parece” uma fração, mas o desenho revela que o valor é um número inteiro, no caso, 2.

Em atividades impressas, é muito comum usar barras ou conjuntos de objetos: por exemplo, 35 moedas distribuídas em 7 grupos iguais para trabalhar sétimos (1/7, 2/7, 3/7…), uma herança dividida em 3 partes iguais para trabalhar terços (1/3, 2/3, 3/3) e frutas organizadas em 4 cestas iguais para trabalhar quartos (1/4, 2/4, 3/4, 4/4 e até 5/4).

Representação de frações na reta numérica

A reta numérica é outro recurso gráfico essencial para representar frações, pois ajuda o aluno a entender que frações são números que ocupam posições específicas entre os inteiros. Isso é importante para desenvolver a noção de ordem, comparação e distância entre números racionais.

Para marcar uma fração unitária usual, como 1/2, 1/3 ou 1/4, dividimos o segmento de 0 a 1 em partes iguais de acordo com o denominador. Em seguida, marcamos o ponto correspondente ao numerador. Assim, 1/2 fica exatamente no meio entre 0 e 1; 1/4 fica na primeira marca de quatro divisões iguais; 3/4 fica na terceira marca, e assim por diante.

Essa mesma lógica vale para frações maiores que 1. Para representar 5/4 na reta, podemos pensar que 4/4 coincide com o número 1. Então, 5/4 fica um “quarto” além de 1. Na prática, dividimos o intervalo entre 0 e 2 em 8 partes iguais (ou dividimos de 0 a 1 em 4 e repetimos o padrão entre 1 e 2) e marcamos 5 dessas partes.

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As habilidades da BNCC (como EF04MA09 e EF05MA02) enfatizam exatamente essa conexão entre frações, medidas e reta numérica: reconhecer frações unitárias como medidas menores que a unidade, compreender a escrita decimal de alguns racionais e perceber que toda fração pode ser associada a um ponto na reta.

Ao trabalhar graficamente, é interessante alternar representações em figuras e na reta, mostrando ao aluno que 1/2 pode ser metade de uma figura colorida e, ao mesmo tempo, um ponto bem definido no meio do caminho de 0 a 1. Essa ponte entre o concreto (imagens) e o abstrato (números na reta) é crucial para consolidar o conceito de fração.

Frações no contexto de divisão em partes iguais

Uma das interpretações mais intuitivas de frações é como resultado de uma divisão em partes iguais. Imagine dividir um salário, uma herança, moedas, frutas ou brinquedos; sempre que todos devem receber partes idênticas, estamos traduzindo a conta de divisão em linguagem de fração.

Exemplo com moedas: se Josué tem 35 moedas e resolve dividi-las em 7 conjuntos idênticos, cada grupo terá 5 moedas. A fração 1/7 de 35 corresponde a 5 moedas, 2/7 de 35 correspondem a 10 moedas, 3/7 correspondem a 15 moedas, e assim por diante. Em uma atividade gráfica, podemos representar cada grupo de 5 moedas como 1/7 do total.

Exemplo com herança: uma herança de R$ 1.650,00 distribuída igualmente para 3 filhos significa que cada um recebe 1/3 desse valor. Representando graficamente, podemos mostrar três blocos idênticos, cada um indicando o valor de um terço. Se somarmos as três partes (3/3), voltamos ao valor total de R$ 1.650,00, reforçando a ideia de que a soma das partes forma o inteiro.

Exemplo com frutas: Edir divide 32 frutas igualmente em 4 cestas, de modo que cada cesta fica com 8 frutas. Aqui, 1/4 de 32 são 8 frutas. Podemos trabalhar 2/4 (16 frutas), 3/4 (24 frutas), 4/4 (32 frutas) e até 5/4 de 32 (que já é maior do que o total de uma distribuição simples), introduzindo assim, de forma visual, a ideia de frações impróprias.

Nessas atividades, o aluno percebe que frações são, ao mesmo tempo, divisão e quantidade: 1/4 de 32 é o resultado de dividir 32 por 4; mas também é uma quantidade concreta de 8 frutas, que pode ser desenhada, contada e manipulada. Isso torna o conteúdo muito menos ameaçador e mais significativo.

Frações equivalentes, simplificação e classe de equivalência

Frações equivalentes aparecem naturalmente quando representamos a mesma área com subdivisões diferentes. Se desenhamos um retângulo inteiro e o chamamos de 1, e depois o dividimos em 2, 4, 6 e 8 partes, podemos colorir metade do retângulo em todos os casos. Mesmo que escrevamos 1/2, 2/4, 3/6 ou 4/8, a porção destacada é a mesma.

Algebricamente, obtemos frações equivalentes multiplicando ou dividindo numerador e denominador pelo mesmo número natural diferente de zero. Por exemplo, 1/2 pode ser transformado em 2/4 multiplicando ambos por 2, em 3/6 multiplicando por 3, e assim por diante. Já 12/16 pode ser simplificado sucessivamente: 12/16 ÷ 2 = 6/8, e 6/8 ÷ 2 = 3/4, que é irredutível.

O conjunto de todas as frações equivalentes a uma fração dada é chamado de classe de equivalência. Por exemplo, a classe de equivalência de 1/3 inclui 1/3, 2/6, 3/9, 4/12, 5/15, 6/18, etc. Em teoria dos números, escolhemos uma única representante dessa classe, geralmente a forma irredutível, para trabalhar de maneira mais simples.

Simplificar uma fração significa justamente encontrar essa forma irredutível. Podemos fazer isso por divisões sucessivas: dividir numerador e denominador por fatores comuns até que não seja mais possível. Outro caminho é encontrar diretamente o Máximo Divisor Comum (MDC) entre os dois números e dividir ambos por esse valor, chegando rapidamente à fração mais simples.

Por exemplo, ao simplificar 36/60, dividimos sucessivamente por 2, obtendo 18/30, depois 9/15, e finalmente dividimos por 3, chegando a 3/5. Já em 54/72, sabemos que o MDC(54,72) é 18; então, basta fazer 54÷18 e 72÷18 para obter diretamente 3/4. Em atividades com representação gráfica, a simplificação corresponde a substituir uma figura muito “picada” por outra, com menos divisões, mas com a mesma área colorida.

Comparação de frações com apoio visual e algébrico

Comparar frações é muito mais fácil quando usamos representações gráficas, sobretudo nas séries iniciais, em que o cálculo de MMC ainda pode ser difícil para as crianças. Ao desenhar retângulos, pizzas ou barras fracionárias, o aluno consegue ver qual área é maior.

Se as frações têm o mesmo denominador, a regra é simples: a fração com maior numerador é a maior, pois estamos comparando quantidades de partes do mesmo tamanho. Por exemplo, entre 3/5 e 4/5, 4/5 é claramente maior. Em um desenho, colorimos 3 partes em um retângulo e 4 partes em outro, ambos divididos em 5 partes iguais; visualmente, a segunda área é maior.

Se os denominadores são diferentes, podemos recorrer à redução ao mesmo denominador. Usamos o Mínimo Múltiplo Comum (MMC) dos denominadores para construir frações equivalentes com o mesmo denominador. Por exemplo, ao comparar 2/3 e 3/5, calculamos MMC(3,5)=15 e transformamos 2/3 em 10/15 e 3/5 em 9/15. Como 10/15 é maior que 9/15, concluímos que 2/3 > 3/5.

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Quando os numeradores são iguais, vale uma observação curiosa: a fração com denominador menor é a maior, pois cada parte é maior. Em 3/4 e 3/8, ambos têm 3 partes, mas os quartos são maiores que os oitavos. Representando em figuras, colorimos 3 de 4 partes em um retângulo e 3 de 8 em outro; a área marcada em vermelho será maior na primeira figura, mostrando que 3/4 > 3/8.

A reta numérica também ajuda na comparação. Ao marcar 3/4 e 3/8 na reta, dividindo o trecho entre 0 e 1 em 8 partes, notamos que 3/4 coincide com 6/8, portanto o ponto de 3/4 (ou 6/8) fica mais à direita do que o ponto de 3/8. Assim, visual e numericamente, confirmamos a desigualdade.

Operações com frações e interpretação visual

As quatro operações básicas com frações (adição, subtração, multiplicação e divisão) podem e devem ser acompanhadas de representações gráficas, especialmente nas etapas iniciais de aprendizagem. Isso ajuda a dar sentido aos procedimentos algébricos, que, sozinhos, costumam parecer “regras decoradas”.

Na adição e subtração de frações com mesmo denominador, conservamos o denominador e somamos ou subtraímos apenas os numeradores. Por exemplo, 3/5 + 1/5 = 4/5 e 5/7 − 3/7 = 2/7. Em termos visuais, é como juntar ou retirar partes de um mesmo tipo de pedaço: juntamos 3 pedaços de 1/5 com mais 1 pedaço de 1/5, totalizando 4 pedaços de 1/5.

Quando os denominadores são diferentes, precisamos torná-los iguais encontrando frações equivalentes. Pegando 1/6 + 3/4 como exemplo, calculamos o MMC(6,4)=12. Transformamos 1/6 em 2/12 (multiplicando numerador e denominador por 2) e 3/4 em 9/12 (multiplicando por 3). Com denominadores iguais, somamos 2/12 + 9/12 = 11/12. Em uma figura de 12 partes, teríamos 11 partes coloridas.

Na multiplicação de frações, a regra é objetiva: multiplicamos numerador por numerador e denominador por denominador. Se fizermos 3/5 × 4/7, obtemos 12/35. Visualmente, essa operação pode ser entendida como “parte de parte”: 3/5 de um inteiro, e depois 4/7 dessa quantidade, o que leva à construção de retângulos divididos nos dois sentidos, resultando em um total de 35 pequenas partes, das quais 12 ficam destacadas.

A divisão de frações é frequentemente a operação que mais causa dúvidas. Uma forma didática de explicá-la é pensar: “quantas vezes a segunda fração cabe na primeira?”. Se tomamos 1/2 ÷ 2/3, podemos primeiro reescrever essas frações com o mesmo denominador: 1/2 = 3/6 e 2/3 = 4/6. Em uma representação, 3/6 correspondem a 3 partes coloridas em 6, e 4/6 correspondem a 4 partes coloridas em 6. A pergunta passa a ser: em cada conjunto de 4 partes, quantas delas estão ocupadas por 3 partes? O resultado é 3/4.

Algebricamente, isso justifica a “regra do inverso”: dividir por uma fração equivale a multiplicar pela fração inversa. Assim, 1/2 ÷ 2/3 = 1/2 × 3/2 = 3/4. De forma geral, para a/b ÷ c/d, mantemos a/b e multiplicamos por d/c, ou seja, (a/b) × (d/c) = ad/bc. A visualização com retângulos divididos em sextos, como no exemplo, ajuda o aluno a enxergar que faz sentido “virar” a segunda fração.

Leitura, vocabulário e atividades de sala de aula

Além da parte numérica e gráfica, trabalhar o vocabulário de frações é fundamental. Termos como metade, terço, quarto, quinto, centésimo, milésimo, sétimo, oitavo e “avos” precisam ser compreendidos e usados com segurança. Isso ajuda tanto na interpretação de problemas quanto na comunicação em sala.

Atividades práticas com materiais concretos tornam o aprendizado mais significativo. Cortar folhas de papel em partes iguais, usar blocos coloridos, recortar figuras, dividir pizzas de papel ou até mesmo repartir alimentos reais (como bolos e barras de chocolate) são estratégias que ajudam o aluno a associar o símbolo fracionário à realidade.

Problemas contextualizados, como o da aluna que guarda 3/10 do salário e gasta 1/10 com aluguel, aproximam a fração da vida financeira cotidiana. Nesse caso, o salário está dividido em 10 partes iguais; se 3/10 vão para a poupança e 1/10 para o aluguel, foram usadas 4 partes. Sobram 6/10 do salário, o que pode ser representado graficamente em uma barra dividida em 10 segmentos, dos quais 6 permanecem livres.

Outra linha de atividades envolve explicar a leitura de frações menos usuais, como 1/3597, que pode ser lida “um, três mil quinhentos e noventa e sete avos”. Embora não sejam usadas no dia a dia, essas frações mostram que o conceito é geral e que o denominador pode ser qualquer número natural positivo.

Trabalhar com exercícios progressivos de reconhecimento, leitura, representação e operação desenvolve diversas habilidades previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como relacionar números e quantidades, compreender partes de um todo, operar com racionais e transitar entre diferentes registros (numérico, verbal, gráfico, geométrico e na reta numérica).

Ao integrar representação gráfica, linguagem clara e problemas contextualizados, o tema das frações deixa de ser uma sequência de “regras decoradas” e passa a ser uma ferramenta útil para entender divisões justas, medidas, porcentagens, proporções e várias situações do cotidiano, fortalecendo de forma consistente o raciocínio matemático dos alunos.

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