- Panorama dos problemas mais famosos (Riemann, Hodge, Navier–Stokes, Yang–Mills, P vs NP) e temas correlatos.
- Análises do ENEM: características das provas, itens difíceis e competências cobradas.
- 27 charadas para treinar lógica, com gabarito sugerido e comentários.
A matemática fascina porque combina rigor, criatividade e mistério: começa cedo, na escola primária, com contagem e cálculo, e evolui para um universo de teoremas, conjeturas e problemas que, muitas vezes, desafiam até as mentes mais brilhantes. O que parece “só multiplicação, frações e estatística” se revela, com o tempo, uma linguagem poderosa para entender o mundo – do cotidiano à fronteira da ciência.
Mesmo quando achamos que “tudo já foi provado”, a realidade é que a matemática mantém portas abertas para o desconhecido. Há problemas famosos que ninguém conseguiu resolver (mesmo com supercomputadores), charadas que treinam o raciocínio e exames como o ENEM que separam o básico do avançado com sutileza e exigência. Se você curte um desafio, este guia reúne os grandes tópicos: problemas do milênio, enigmas clássicos, a importância da disciplina no dia a dia e um apanhado das questões mais difíceis do ENEM.
“A matemática é a única ciência exata em que nunca se sabe do que se está a falar nem se aquilo que se diz é verdadeiro.”
Bertrand Russell
Problemas em aberto que intrigam gerações

Entre os desafios mais lendários está a Hipótese de Riemann, considerada por muitos como um dos problemas mais difíceis já formulados. Ela trata dos zeros não triviais da função zeta de Riemann – definida pela série infinita ζ(s) = 1−s + 2−s + 3−s + … – e postula que todos esses zeros têm parte real igual a 1/2. Se verdadeira, a hipótese impacta profundamente a distribuição dos números primos. Poucos pesquisadores se arriscam nela hoje, temendo gastar uma carreira num enigma que parece intransponível – mas nada impede que o próximo avanço surja de um olhar novo.
A Conjetura de Hodge conecta topologia algébrica e geometria algébrica ao descrever, em variedades projetivas complexas, como certas classes (as chamadas classes de Hodge) se relacionam com objetos geométricos por combinações lineares com coeficientes racionais. É um problema difícil até de “visualizar”, e pesquisadores como Claire Voisin já enfatizaram que uma prova completa seria um tesouro matemático, tanto pelo conteúdo quanto pelas ferramentas que revelaria.
A Conjetura de Birch e Swinnerton-Dyer lida com curvas elípticas e a contagem de seus pontos racionais. Em termos simplificados, ela relaciona propriedades analíticas de uma função L associada à curva com a existência (finita ou infinita) de soluções racionais da equação polinomial que a define. É um tema que conversa com fatoração de primos e até com o Último Teorema de Fermat, e exige base sólida de álgebra e teoria dos números.
Nas ciências aplicadas, a Equação de Navier-Stokes (física e mecânica dos fluidos) modela o movimento de fluidos por campos de velocidade. Apesar de onipresente em engenharia e meteorologia, há questões fundamentais em aberto sobre existência e suavidade de soluções em três dimensões – parte do famoso pacote de problemas do milênio.
As Equações de Yang-Mills, na física de partículas, descrevem campos de força fundamentais. A conjectura do “mass gap” afirma, em essência, que há uma lacuna positiva entre o estado fundamental e as excitações seguintes. Simulações numéricas sustentam a ideia, mas uma prova matemática completa ainda não foi apresentada, mantendo o desafio vivo.
O problema P vs NP é possivelmente o mais impactante para computação e criptografia. Em termos simples, pergunta: tudo o que conseguimos verificar rapidamente também conseguimos resolver rapidamente? Uma resposta positiva mudaria o mundo (e várias outras questões cairiam em sequência), enquanto uma resposta negativa consolidaria limites fundamentais de eficiência algorítmica.
Entre os temas saborosos e fora do pacote “oficial” do milênio, o Teorema de Ramsey afirma que a completa desordem não existe: estruturas ordenadas inevitavelmente emergem em sistemas grandes. Por exemplo, com seis pontos conectados por arestas azuis ou vermelhas, sempre haverá um triângulo monocromático. Aumentando os parâmetros, a complexidade explode – e muitos casos seguem abertos.
Os números de Lychrel surgem ao som do somar um número com seu reverso repetidamente até aparecer um palíndromo. Alguns números parecem nunca gerar palíndromos (o 196 é o exemplo clássico candidato a Lychrel), e milhões de iterações computacionais não resolveram a dúvida. Já palíndromos em si são números (ou palavras) que se leem igual nos dois sentidos, como 17371 ou “Hannah”.
De onde veio a matemática e por que ela importa tanto?
“Matemática” vem do grego: μάθημα (máthema) e μαθηματικός (mathematikós), ligados a “conhecimento” e à “fundação da aprendizagem”. No início das civilizações, medir, contar e comparar era essencial para agricultura, comércio e organização social, impulsionando o desenvolvimento desta linguagem universal.
Com o tempo, a matemática tornou-se a espinha dorsal de outras áreas: ciência, tecnologia, finanças, artes e muito mais. No ensino, ela estrutura o pensamento lógico e a capacidade de abstração, ampliando o poder de análise e a criatividade do estudante – desde o raciocínio numérico até a modelagem de situações reais.
Não basta decorar fórmulas: é preciso entender “o porquê”. Quando o aluno compreende os conceitos, consegue escolher a ferramenta certa para cada problema, generalizar ideias e evitar “falsas memórias” que não se sustentam. Isso depende de boa didática, materiais adequados e turmas em condições de aprendizagem – desafios muito reais em muitas escolas.
Professores experientes diversificam métodos com dinâmicas, problemas contextualizados e exercícios de abstração progressiva. Para necessidades específicas, o acompanhamento particular personalizado ajuda a atacar dificuldades pontuais e acelerar ganhos – seja no reforço básico, seja no nível avançado.
No cotidiano, a matemática aparece a toda hora: estimar gastos no supermercado, calcular trocos, medir ingredientes em receitas, projetar o consumo de combustível numa viagem ou simular juros e prazos. Esse uso constante treina o senso crítico e o raciocínio lógico, preparando-nos para decisões melhores.
ENEM: questões difíceis, tendências e comentários
Professores relataram “poucas questões difíceis” no segundo dia do ENEM 2024 (exatas e biológicas), mas as mais desafiadoras de Matemática realmente colocaram os candidatos para pensar, incluindo geometria e matemática financeira. Em listagens de análise, ganharam destaque questões específicas (numeração da prova verde) como as de códigos 139, 143, 148, 157 e 174.
Já no ENEM 2025, observou-se uma prova com forte presença imagética (gráficos, tabelas, esquemas) e comandos relativamente mais longos. Houve ênfase em probabilidade e uma abordagem considerada “mais conteudista” por alguns educadores, mas sem surpresas extremas, mantendo um nível geral médio. Quatro itens se destacaram pela dificuldade: porcentagem, probabilidade, trigonometria (círculo unitário) e geometria espacial.
Entre as questões tidas como mais difíceis de 2025, surgiram temas como cálculo de recipiente de laboratório, expressão algébrica ligada a recipiente, trajetória de objeto em jogo digital, direção e tempo de embarcação e, mais uma vez, probabilidade. Comentários pós-prova e gabaritos extraoficiais costumam aparecer em portais especializados, com transmissões ao vivo e análises em tempo real.
Uma análise ampla dos microdados do ENEM desde 2009 listou dez itens de Matemática considerados especialmente árduos. Os tópicos vão de trigonometria aplicada (preço variando ao longo dos meses) e combinatória/fatorial (técnicas de contagem) (seleção e ordenação) a otimização geométrica (trajetos), funções do 2º grau (demanda e receita), estatística descritiva (mediana), razão e proporção (áreas e gráficos), congruência e desigualdade triangular e porcentagens com reduções proporcionais. Em muitas dessas, a combinação de leitura cuidadosa com técnica precisa foi determinante.
- ENEM 2015 – Q180: função trigonométrica moderna o preço, exigindo identificar o mês de menor preço (safra mais alta).
- ENEM 2014 – Q163: análise combinatória/fatorial com cenário de escolha de filmes.
- ENEM 2022 – Q176: otimização de interseção de rodovias por geometria analítica e reflexão.
- ENEM 2015 – Q150: função quadrática de demanda e ponto ótimo de promoção.
- ENEM 2017 – Q174: mediana a partir de gráfico de taxa de desemprego ao longo do tempo.
- ENEM 2016 – Q169: massas salariais, proporcionalidade e leitura de áreas/gráficos.
- ENEM 2014 – Q147: contagem de triângulos diferentes sob desigualdade triangular.
- ENEM 2019 – Q176: percentuais e geometria plana para alcançar metas.
- ENEM 2013 – Q177: gráfico de dispersão e cruzamento de variáveis estatísticas.
- ENEM 2013 – Q165: combinatória com restrições nos vértices de uma figura.
Se parte disso soa intimidador, está tudo bem: com método e prática, o ganho é real. Plataformas, cursos e professores focados em raciocínio e resolução guiada ajudam a transformar Matemática em ponto forte, da base às questões mais cabeludas.
27 charadas de matemática para treinar o raciocínio
Charadas são ótimas para afiar a lógica de forma leve. A seguir, você encontra 27 desafios; em alguns, a resposta está escondida em pegadinhas de linguagem. Quando indicado, use as respostas sugeridas ao fim.
- Charada 1: Caminhando ao fim da tarde, uma senhora contou 20 casas à direita de uma rua. Na volta, contou 20 casas à esquerda. Quantas casas ela viu ao todo?
- Charada 2: O que o filho do matemático fala quando quer ir ao banheiro?
- Charada 3: Uma mulher terá um bebê. Se for menino, faltará apenas um para igualar o número de meninos ao de meninas. Se for menina, o total de filhas será o dobro dos meninos. Quantos filhos ela tem e quais os sexos?
- Charada 4: Há um pato entre dois patos, um pato atrás de um pato e um pato na frente de outro. De quantos patos estamos falando?
- Charada 5: No meu jardim há 3 pés de alface, 1 de pepino e 5 de cenoura. Quantos pés eu tenho no total?
- Charada 6: Entrei num táxi com 8 passageiros. Depois, 3 pessoas desceram e 2 subiram. Quantas pessoas há no táxi?
- Charada 7: Meu avô tem 5 filhos, cada um com 3 filhos. Quantos primos eu tenho?
- Charada 8: Um pequeno caminhão leva 50 sacos de areia ou 400 tijolos. Se foram colocados 32 sacos de areia, quantos tijolos ainda pode carregar?
- Charada 9: Há 7 passarinhos num galho. Um menino atira em um deles; quantos ficam no galho?
- Charada 10: Quando eu tinha 8 anos, minha irmã tinha metade da minha idade. Hoje tenho 55. Quantos anos ela tem?
- Charada 11: Na tarde de terça-feira, João decidiu caçar. Na quinta, caçou 2 coelhos e, no dia seguinte, comeu com os amigos. Em que dia da semana ele comeu os coelhos?
- Charada 12: Em qual alternativa há três oitos e três zeros? a) 88830 b) 3830 c) 888000 d) 383000
- Charada 13: Maria comprou um vaso por 20 reais e vendeu por 25. Arrependida, recomprou por 35 e vendeu por 40. Qual foi o lucro total?
- Charada 14: Ana teve 5 filhas. A primeira chama-se Segunda, a segunda Terça, a terceira Quarta, a quarta Quinta. Qual é o nome da quinta?
- Charada 15: Se Alice entrou 5 vezes, quantas vezes ela saiu?
- Charada 16: Próximo número da sequência: 3, 13, 30, 31, 32, …?
- Charada 17: A avó dividiu 20 balas entre as duas netas. Que horas são? a) 10:02 b) 1:50 c) 20:02 d) 8:02 e) 12:50
- Charada 18: (conteúdo não disponibilizado no enunciado original)
- Charada 19: O que é que todos têm 2, você tem 1 e eu não tenho nenhum?
- Charada 20: Quatro amigos: Carlos tem metade da idade de Matheus mais 2; Henrique tem 8; Matheus tem a idade de Henrique mais metade da idade dele; Paulo tem metade da idade de Carlos mais metade da idade de Henrique. Quem é o mais velho?
- Charada 21: O que o livro de Matemática disse ao de Português?
- Charada 22: Uma casa tem quatro cantos; em cada canto, um gato; cada gato vê três gatos. Quantos gatos há?
- Charada 23: O que, quanto mais curto for, mais rápido é?
- Charada 24: Descubra os valores: # + # + # = 30; $ + # + $ = 20; $ + # + % = 30.
- Charada 25: Num aquário moravam 7 peixes. Dois morreram “afogados”. Quantos ficaram?
- Charada 26: Complete a sequência do @ na terceira coluna, com base nos padrões apresentados para # e & (grade no enunciado original).
- Charada 27: Palavra de 7 letras que, se tirarmos 5, ficam 11.
Gabarito e observações (onde aplicável):
Ver respostas sugeridas (clique para abrir)
- 1: 20 (na ida e na volta, são as mesmas casas; não some 40).
- 2: “Posso derivar?” (trocadilho clássico; aceitam-se variações de piada).
- 3: Meninos = 3 e Meninas = 4 (com menino: faltaria 1 para empatar; com menina: 5 meninas seria o dobro de 2 meninos).
- 4: 3 (três patos em fila atendem a todas as condições).
- 5: 2 (os “pés” são os seus, pegadinha de linguagem).
- 6: 9 (8 passageiros + você – 3 + 2 + motorista = 9; considerando motorista).
- 7: 12 (total 15 netos; tirando você e seus dois irmãos = 12 primos).
- 8: 144 (50 sacos ≡ 400 tijolos ⇒ 1 saco ≡ 8 tijolos; 32 sacos ≡ 256 tijolos; sobram 144).
- 9: 0 (os outros voam com o tiro; ninguém fica).
- 10: 51 (diferença de 4 anos; 55 – 4 = 51).
- 11: Sexta-feira (caçou na quinta e comeu no dia seguinte).
- 12: c) 888000 (três 8 e três 0).
- 13: R$ 10 (−20 + 25 − 35 + 40 = +10).
- 14: Sexta (segue o padrão dos nomes).
- 15: 4 (para entrar 5 vezes, precisou sair ao menos 4; pode haver variações).
- 16: 33 (números que começam com “tr-”: três, treze, trinta, trinta e um, trinta e dois, trinta e três…).
- 17: b) 1:50 (“dez para as duas”).
- 18: — (enunciado não fornecido no material de origem).
- 19: A letra “o” (em “todos” há 2; em “você”, 1; em “eu”, nenhuma).
- 20: Matheus (12 anos, interpretando “metade da idade” de Henrique; Matheus = 8 + 4).
- 21: “Eu tenho muitos problemas” (trocadilho com “problemas” de matemática).
- 22: 4 (um em cada canto; cada um vê os outros três).
- 23: O caminho (quanto mais curto, mais rápido).
- 24: # = 10; $ = 5; % = 15.
- 25: 7 (peixes não se afogam e, mesmo mortos, permanecem no aquário).
- 26: Depende do padrão inferido; sem todos os quadros, resposta indeterminada.
- 27: Uma resposta clássica usa algarismos romanos: mantendo “XI” (11) ao retirar as demais letras de uma palavra de 7 letras que contenha “X” e “I” (varia conforme a escolha do termo; aceita-se “solução por construção”).
Como aprender melhor (e se divertir no processo)
Para encarar problemas de alto nível, a base bem construída faz toda a diferença. Vale começar pelo essencial, fortalecer frações, proporções, equações e a linguagem algébrica, e subir degrau por degrau até a geometria, a estatística e os temas olímpicos.
Resolver problemas variados desenvolve criatividade matemática: tente demonstrar teoremas conhecidos, explore conjeturas, brinque com padrões numéricos. Charadas, como as de cima, ajudam a abrir a mente e a cultivar leitura cuidadosa – habilidade decisiva em provas como o ENEM.
Quem busca acompanhamento pode recorrer a professores particulares e comunidades de ensino, que montam um plano do zero ou lapidam o que já está sólido. Uma trilha personalizada encurta o caminho e valoriza seu estilo de estudo, levando em conta tempo disponível e objetivos (vestibulares, concursos ou pura paixão pela matemática).
“Show do milhão” da matemática: existe mesmo?
Em 2000, o Clay Mathematics Institute anunciou 7 Problemas do Milênio, cada um valendo US$ 1 milhão para quem apresentasse uma solução válida. Até hoje, apenas um foi resolvido (com a premiação recusada pelo ganhador), e os demais continuam a desafiar pesquisadores do mundo todo. São questões profundas, algumas com impacto direto em áreas práticas (como computação), outras com implicações teóricas vastíssimas.
Não é preciso ser milionário para “pensar como matemático”: explorar esses problemas, mesmo em nível introdutório, melhora a intuição e ilumina como a ciência avança: um teorema de cada vez, um contraexemplo que derruba uma hipótese, uma nova técnica que abre portas antes trancadas.
Cursos, análises comentadas e gabaritos extraoficiais em épocas de prova ajudam a revisar conteúdo e a entender padrões. Lives e páginas interativas pós-prova costumam trazer insights práticos para as próximas edições, sem perder de vista que o essencial é a formação contínua.
Crédito e referência: conteúdos educacionais amplamente discutidos por professores, pesquisadores e portais especializados (incluindo entrevistas, comentários de provas e coletâneas de charadas), apresentados aqui de forma integrada e reescrita para facilitar o estudo.
Seguir nessa jornada é uma escolha poderosa: com treino consistente, curiosidade e boa orientação, a matemática deixa de ser “bicho de sete cabeças” e vira ferramenta de vida – na escola, no trabalho e nas suas descobertas pessoais.